terça-feira, 21 de outubro de 2008

parking lot

Ele me beija devagar e depois acelera, me beija de lábios, eu gosto, eu amo, eu adoro lábios (assim como essa palavra). Ficamos ali dividindo uma cumplicidade não sei de onde. Uma escondida e aparente, pra quem reparasse, mas estávamos tão ocupados em carinhos, que deu preguiça de pensar ou refletir sobre qualquer coisa, querer chegar a conclusões, essas coisas de psicanálise. E ele segurava minha mão entre a sua, a minha sumia, de tão pequena, ele segurava, fitava, como um refúgio, um jeito de conhecer meus dedos e, ao mesmo tempo, admirar. No meu colo ele deitava, apontava para onde queria que eu passasse a mão, e fechava os olhos e respirava fundo, e eu me ocupando de testas e cabelos. Que idade é essa, que idade de ficar dentro do carro, de pegar na mão, de abraçar forte como se aquilo fosse letra de música, como se fosse hora e pessoa apropriada em quem se acolher? Hoje eu não tenho quarenta, ainda, nem trinta, nem vinte e oito.

2 comentários:

Lucas disse...

\o/

Maíra Selva disse...

te dou um pau, menino!!!! quer dizer, pau não....