segunda-feira, 16 de março de 2009

Havia tantos verões. Tantas tardes. Sóis e pássaros e água fazendo sombra aquática no muro (delícia de se olhar). Mas a gente ia pra casa de uma meninas. Elas tinham Barbie. A gente, não. Quer dizer, eu tinha uma que ganhei em 1987, com quem eu tinha sonhado uma vez numa ladeira lá de Goiatuba.
Na casa delas, a gente podia ficar se demorando num sofá, meio de lado, meio esquecida, sem chinela rider, disfarçando de olhar a contra-capa de um disco recheado de Michael Sullivan e Paulo Massadas, e aquela distração era inventada. Dava vontade de ir pra casa, de ir embora pro nosso mundo, como naquela música do Guilherme Arantes, de ver a sombra da piscina no muro por mais de meia hora, queimar o rostinho, deitada, na pedra molhada e ficar viajando nos sons psicodélicos e tangerinas daquela infância.

Um comentário:

Eu hemorragia disse...

eu acho q existem nuvens que vao daqui até aí, elas pairam sobre nós e condensam todas essas nostalgias, que pingam na ponta da caneta, ou dos dedos...

estamos muito muito nostalgicas mesmo, i carry your heart next to mine, sempre.