Hoje, ele parecia só um babaca, um bobo, idiota, grisalho. Tão diferente daquele dia em que conversamos tanto naquela mesa de bar, ninguém mais em volta. Era eloquente, mirava o porta-guardanapo. Política, literatura, música… “Atrás da porta? Você também gosta? Mas é tão dor-de-cotovelo…”E risadas e gargalhadas e idas ao banheiro.
Pra onde vai todo o encantamento? O que era tímido, engraçadinho, agora era só o ranço de uma fraqueza, insosso. Parecia que aquela fagulha de vida só se acendia nos tempos em que eu estava perto… e agora? Modéstia à parte, tenho sempre essa risada, meu signo e ascendente, minha casa, minhas plantas, plumas e frou-frous que esparramo por aí – eu me esparramo por aí. E ele? Enrustido em roupas escuras, lãs. Nem sei o que é isso que sinto, mas, sinceramente, não tenho pena nenhuma…
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