quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

atendendo a pedidos...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Só tinha a gente naquela casa lá, de madeira, lá em cima. Nós, o mofo e o cigarro. Vestia uma camisa limpa que parecia suja e iniciávamos nossos rituais de fogo e acolhida. Líamos perto do fogo. De vez em quando, alguém cruzava a perna quase desconcentrando o outro e as palavras de uma frase ainda sendo lida pairavam pela cabeça, como uma dobrinha transparente.
O chá. Fazíamos o chá. Aliás, eu não.
E aquilo era todo dia. E parecia que só existiam noites, de tão escuros os dias. E a chuva lá de fora e, de vez em quando, o Cachorro Amarelo magro que vinha nos visitar.
Upon the hills. No rainbow. Chuva. Cascalho molhado. Casca de árvore apodrecendo. Liquens e relíquias.
Barro se refazendo sobre a chinela havaiana. E na verdade, havia felicidade ali, densa como o ar da colina, pesada. Não era fácil, leve como casca de sorvete. Era sisuda, era de por detrás da cortina, mas era uma de verdade. E não sei quanto tempo durou, porque fiquei sabendo pouco o que era tempo, passando aquelas páginas úmidas.
Minha felicidade de veias e braços com poucos pêlos e aconchego dos amores de Caio Fernando Abreu...

um coração cansado de sofrer e de amar até o fim

Vou seguir

O chamado
E onde vai dar, e onde vai dar
Não sei
Arriscar ser
Derrotado
Por mentiras que vão, mentiras que vêm
Punir
Um coração cansado de sofrer
E de amar até o fim...
Acho que vou desistir
Céu abriga
O recado
Pra eu me guardar, mudanças estão por vir
Esperar ser
Proclamado
O grande final, o grande final feliz
Que tal aquele brinde que faltou?
Será que teria sido assim...
Acho que vou resistir
Isso aqui é meu peito despedaçado, como bem se vê do lado de fora.
Em Nova Iorque, olhei uma janela e havia pessoas se abraçando numa sala quente. Tiravam as toucas e as roupas pesadas pra se aconchegar.
Lembrei de uma música, mais tropical, que não cabia naquele momento, mas que me lembrou outros tempos. Um friozinho de mentira só pra se ter a desculpa de esquentar os joelhos em alguém.
Eu de espreita, o carvalho. Um pouco da neve derretida, esquilos escondidos.
Uma sensação de Home Alone e meus pés sem aquecimento nas snow boots. I´m Kevin.