sábado, 28 de março de 2009

quarta-feira

Hoje, eu só penso em outras palavras.
Outras.
Tô com um ar preso aqui na saída do pulmão, ou é o esôfago?
Será Urano entrando em escorpião?
Às vezes escorrego aqui pra dentro dessas mantas e não combinam mais comigo os traços do cotidiano que tive que escolher. Sou uma "louca-certinha". Negligente (se demorando no -gen-).
Existe uma janela na minha frente, por isso, faço isso. Uma, não, várias. Passagens. E as coisas aqui são insuficiências.
Toda hora querendo ser eloqüente, toda hora! Isso assusta as pessoas. Não devia, mas assusta.
E o que que tem? O que que tem, minha gente (ficou engraçado isso aqui...)? Por que não? Que medo é esse da palavra, da língua? Que medo da minha bondade que cintila, uma bondade com pouca calma, mas é uma bondade, uma grande. E eu não quero me culpar. Não sou errada de ficar falando de lua no meio do engarrafamento.
Gente, me deixa! Deita aqui um pouquinho comigo desse lado da cama. Se entrega a um pouco de suavidade - coisa que também sei ter. Desse lado da cama, quando eu deito, meu nariz entope, mas não tem problema. Eu me acostumo. Vem cá, de cabelos e mãos e pele macia, me acaricia nesse cantinho da nuca, igual minha mãe faz lá em Goiânia.
Eu sou molinha, molinha, de pescoço caído de cachorro filhote, quase viro as pernas pra cima como patas.
(...)

sexta-feira, 27 de março de 2009

who´s gonna ride your wild horses?

quinta-feira, 26 de março de 2009


Não Sei Dançar (Alvin L.)

Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista p'ro mar
Ou outra coisa p'rá lembrar
Às vezes eu quero demais
E eu nunca sei se eu mereço
Os quartos escuros pulsam
E pedem por nós
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista p'ro mar
Ou outra coisa p'rá lembrar
Se você quiser eu posso tentar mas
Eu não sei dançar
Tão devagar p'rá te acompanhar.

terça-feira, 24 de março de 2009

tua glória - para Agda Santches

ah, abelha rainha,
faz de mim
um instrumento de teu prazer
sim, e de tua glória
e de tua glória
Rafaella Biase Callegari (com dois "elles", bem tilintados no céu da boca), você é digna de ser odiada...

comichão e dormência.

a título de qualquer coisa

Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista e escritor brasileiro.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, sua obra, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, medo, morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".
Cursou Letras e Artes Cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas abandonou ambos para escrever para revistas de entretenimento, como Nova, Manchete, Veja e Pop. Em 1968, foi perseguido pelo DOPS, e acabou se refugiando no sítio da escritora Hilda Hilst, em Campinas. No início dos anos 70, exilou-se por um ano na Europa, passando por países como Inglaterra, Suécia, França, Países Baixos e Espanha.
Em 1983, mudou-se de Porto Alegre para o Rio de Janeiro e, em 1985, para São Paulo. Voltou à França em 1994 e retornou no mesmo ano, ao descobrir-se portador do vírus HIV. Faleceu dois anos depois, em Porto Alegre, onde voltara a viver novamente com seus pais e dedicando-se a tarefas como jardinagem.
Eu acabo tendo um preconceito, uma coisa de achar que homem não sabe ser sensível o suficiente, não sabe fazer brotar e quase me esqueço do Caio Fernando Abreu, Paulo Leminski.
Vocês já leram o Caio Fernando Abreu? O nome me é conhecido – prateleiras e matérias no Entrelinhas da TV Cultura -, mas ainda não tinha lido nada e achei um link do blog dele no site do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB.
E ele fala de um jeito, de dedos, saias de veludo, memórias de céu de criança ao entardecer...

E o pior é que comecei a ler uma estorinha dele que é mais ou menos uma que eu estou escrevendo. Vou ser acusada de plágio, ou essa temática do desencontro da infância é um patrimônio universal da humanidade?

sexta-feira, 20 de março de 2009

when you were here before
i couldn't look you in the eye
you're just like an angel
your skin makes me cry
you fell like a feather in a beautiful world
i wish i was special
you're so fucking special
(...)

segunda-feira, 16 de março de 2009

Havia tantos verões. Tantas tardes. Sóis e pássaros e água fazendo sombra aquática no muro (delícia de se olhar). Mas a gente ia pra casa de uma meninas. Elas tinham Barbie. A gente, não. Quer dizer, eu tinha uma que ganhei em 1987, com quem eu tinha sonhado uma vez numa ladeira lá de Goiatuba.
Na casa delas, a gente podia ficar se demorando num sofá, meio de lado, meio esquecida, sem chinela rider, disfarçando de olhar a contra-capa de um disco recheado de Michael Sullivan e Paulo Massadas, e aquela distração era inventada. Dava vontade de ir pra casa, de ir embora pro nosso mundo, como naquela música do Guilherme Arantes, de ver a sombra da piscina no muro por mais de meia hora, queimar o rostinho, deitada, na pedra molhada e ficar viajando nos sons psicodélicos e tangerinas daquela infância.

sábado, 14 de março de 2009

she's thirty five. i always thought how would i look like when i got older. thirty five could be a big deal. but it's not anymore as it's so close. but she is still a muse. she was once. and she still can be, smelling her cat's fur in front of her house.

julie delpy

in the end it's a love story. again. it always is. she's always telling love stories. and she sings in the end.

quinta-feira, 12 de março de 2009

as the world falls down

David Bowie. Eu sei porque ela gostava tanto de David Bowie, meio apaixonada. É que aquele jeito magrelo, pernas compridas, com o pênis bem saliente e apertado no meio do colant, sexy sem saber dançar direito, parecia meu pai. Parecia sua fantasia do meu pai, o que ela queria que ele fosse, quando queria que ele se vestisse de lilás, por exemplo. Um cara magrelo, que não sabe dançar, mas, andrógeno, louco gafanhoto se pintando no espelho, de colant, ou terno amarelo berrante, estalando dedos, chegando bem pertinho da boca do Mick Jagger. Mas que beijava de língua as mulheres nos clipes, como a chinesinha delicada, de coque, com carinha de menina, com quem ela poderia se identificar, estirada na areia da praia.
E essa brincadeira de personagens fazia ela suspirar, envolta num neon maquiagem anos 80... (e faz até hoje...).

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sexta-feira, a lua tava tão linda, tão linda, fina, de casquinha, com uma estrela somente, muito nítida e brilhante no lado superior direito. Constatar a lua, sua especificidade, sua beleza era uma vontade de dividir isso. É matéria romântica, é frase decoradinha pra falar pra alguém, pra apontar o céu e se sentir feliz de ter alguém do lado com quem se pode falar de lua e estrela.

Na verdade, Rafaella, somos duas românticas, duas fucking românticas... Porque..., o que é mesmo o romantismo? Pensei sobre isso e acho que o romantismo é falar da coisa em si, tratar da coisa em si. Cherish. É tornear num torno. Bezuntar pessoas, acontecimentos de uma vontade em si. O espelho do espelho. É pegar memórias e incomodá-las todo dia, cutucando-as no hábito de lembrá-las. E é isso. Quando estamos aqui escrevendo, falando de coqueiros e carnavais, mexendo e remexendo nessa nossa alegoria, estamos praticando romantismo. Você, nesses seus polígonos de romantismo, eu, tentando transformar arestas num corpo oval...