domingo, 31 de julho de 2011


Por que parece que não fazia frio em Uberlândia nos anos 80? Porque nadávamos naquela piscina nas férias, e podia ser em dezembro ou julho, nos fins de semana, e por cima a água ficava quentinha.
Ou será que era porque os moletons que minha mãe comprava eram tão quentinhos, ou porque corríamos tanto nas festas de aniversário, que não sentíamos frio?
O primeiro frio parece que veio em 1993, quando meus pais estavam indo pra Alemanha. Odete e Alfredo vieram nos visitar de Porto Alegre (sem comentários sobre a foto do Ita na puberdade) e sentiram frio.
Era quente, quente na pedra onde deitávamos e esfolávamos os ossinhos e depois pulávamos na piscina pra esfriar, e depois, de novo na pedra pra esquentar.

Pearl Jam em novembro.
Erasure em Brasília.
Tears for fears no mês do meu aniversário.
Deus existe.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Eu não posso morar em outro lugar, e nem aqui. Deserto, montanhas, frio, calor. Não pertenço a nenhum lugar e nem mais a ninguém. A não ser ao que sonhei. E isso também não é meu mais, nunca foi.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

E ontem Adriana Calcanhoto ficou cantando baixinho, baixinho... Na penumbra, até onde não deu mais, na lembrança da roça que uns querem lembrar, outros, esconder. Foi até acabar, porque ficou aquele fiozinho tão fininho, que era melhor economizar, como se aquilo fosse o último querosene do mês.
Sabe aquele macarrão com sardinha? Sabe? Poderia ser romântico, ou nostálgico, o que fosse de carga emocional que carregasse, alguém poderia dizer, mas... sabe? Que vontade desse acolhimento... A gente de banho tomado. Minha avó incluiria, aos olhos críticos de qualquer um, uma concha de feijão por cima. Mas, poxa, com sardinha pode tudo...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

só isso

Love is a losing game
For you I was a flame
Love is a losing game
Five story fire as you came
Love is a losing game
Why do I wish I never played
Oh, what a mess we made
And now the final frame
Love is a losing game
Played out by the band
Love is a losing hand
More than I could stand
Love is a losing hand
Self professed... profound
Till the chips were down
...know you're a gambling man
Love is a losing hand
Though I'm rather blind
Love is a fate resigned
Memories mar my mind
Love is a fate resigned
Over futile odds
And laughed at by the gods
And now the final frame
Love is a losing game

terça-feira, 19 de julho de 2011

estou pintando aquarelas. várias aquarelas. no ar. com meu olhar.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sábado. Azul. Céu. Água. Linha do horizonte.
O dia era esplêndido. O vento, às vezes um pouco frio, arrepiava, mas os pelos douravam ao sol e a gente se esquentava. Esperando, esperando.
Fui lá. Ganhei Brasília, mais uma vez, na unha. Flutuei, doí, mas cheguei do outro lado, na outra orla, na outra beira, com um mergulho nas águas frias do Lago Paranoá, como recompensa.
Não saber e experimentar e conseguir e chegar. E eu sinto orgulho de mim e penso que é tão besta sofrer por certas dores da vida.
Maíra em cima de uma prancha, remando...
Sou Selva e também sou água...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

ai, gente, nao é por nada não... mas tô tão feliz com minhas maquiagens!!! lindas... dá vontade de ser todas elas, todas as cores e sombras...
rs...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

me indentificando (pretensão?)

Sou o oposto daqueles comediantes que são divertidos no palco e depressivos sob portas fechadas. Numa gravação posso até parecer triste, mas na vida real estou bem satisfeita. Só que, quando eu estou feliz, eu não escrevo músicas. Fico lá fora, rindo, vivendo um amor. Eu não teria tempo pra compor. Se eu estivesse casada, chegaria uma hora em que diria: 'Querido, eu preciso me divorciar, já se passaram três anos, eu tenho um disco pra escrever!'".
Dying for a cigarette. Dying to tell you things I keep saying to myself. Viro de lado, coço a cabeça, me entedio (e agora sempre) com os que estão na mesa ao lado.

Alguém colocou uma moeda na máquina e começou a tocar nossa música. Fiquei quieta no sofá como um recém reabilitado segura a garrafa de uísque. Deixei, segurei, chorei de doer o olho com o rímel e me odiei por me olhar no espelho do banheiro.
As companhias que invento, os discos que escuto, sempre evitando o blues, mas sempre caindo em tentação.
Os papéis de carta, os papéis de parede. Cores que uma vez chegamos a escolher. Roupas que usava pra te agradar. Letras cursivas sobre um papel que escondo de mim.
Queria poder dizer que estou gorda e preciso emagrecer, com aquela olhadinha por cima do ombro. Queria poder dizer que meu pé se aperta numa sapatilha.
Mas não tenho desculpa. Sou mais aquele olhar do cachorro por cima do travesseiro improvisado. E nem tenho o talento de cantar fininho, por cima do cotovelo, pra dizer de um modo bonito as coisas que ficam entaladas dentro, aqui dentro.
lendo postagens tão antigas... me vendo com olhos de quem tem 27 anos, recém 26, e depois 28, por exemplo... me polindo no jeito de escrever, de me colocar...
fico com quase dó quando o que vejo que sempre tem um fio de esperança. esperando o setembro de 2007 me convidar pra uma outra vida. eu não estava sendo mesmo feliz. sempre esperando uma coisa acontecer, sempre postergando, sempre acreditando na mesma conversinha de que as coisas iam melhorar. e o árido continuava do lado de fora e corroía pelo lado de dentro. tadinha... nem é essa a palavra, mas me dá uma dó de mim... e queria tanto, queria tanto, que encontrei. aí, eu realmente me encontrei, fui eu mesma como há muito tempo, fui eu mesma de um jeito que nem eu conhecia...
eu, tão suave, tão tender, como a cabecinha do nino se enternecendo pra colocar a coleira. e eu era assim, eu fui assim. e, pior, queria tanto poder voltar a ser. queria me dar, me dar, me dar... e aparecer e escrever as coisas de um jeito tão profundo... poder estar despida de novo, e não, carregando essa raiva, essa casca que não combina com o meu corpo magro que vejo na filmagem, essa celulose que me faz mais dura do que casco de tartaruga.
é verdade... fui tão idiota, idiota... mas me dá uma vontade de voltar a ser...

quarta-feira, 6 de julho de 2011


Leões marinhos. Focas. Seals. Num mar bem frio, nem cinza, nem azul.
Na sombra, na névoa, na fumaça do cerrado.
Momentan ist richtig, momentan ist gut… será?
No vento, pelo vento. O vento que carrega e ensurdece. O vento do litoral. O vento de agosto que passa por mim e não leva nada, não leva nada do que devia levar.
Pedras e cascalho. Cascalho que encontro meses depois dentro de uma meia sumida.
Frio, frio. Frio no Cape. Frio na minha falta de roupa. Frio na volta e quase vontade de voltar. No avião. Nas minhas pernas que encolho aqui, ali, sempre. Me encolhendo sempre. Me encolhendo como um cachorro com medo, me diminuido, diminuindo a velocidade e o volume da minha voz.
Quase choro no filme, no programa de televisão, onde as pessoas estão sendo felizes, tentando ser felizes.
Busco um abraço, um ventre, um cheiro de cânfora, pago por algum carinho ou palavras que nem são doces.
Olho e observo esse pôr-de-sol, toco o horizonte, o rosa, o cinza, aqueço os pés e espero de novo um novo amanhã.

willing to take the risk

I won’t go! I can’t do it on my own,
If this ain’t love, then what is?
I’m willing to take the risk.

sábado, 2 de julho de 2011

ontem, o dia durou mais do que vinte e quatro horas e se arrastou como ruas que se emendam umas nas outras. pensei em muita coisa pra dizer, mas desviei o olhar. quis me sentar aqui, quis fingir que não sei o que sou e o que sinto. me misturei de tanta coisa e tentei me camuflar na multidão, mas não me desapareci de mim.
hoje, ontem. por favor, não amanhã.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

De noite, olhei pro céu e estava lá, a mesma noite que alguém pintou anos atrás. Estrelas que não morrem tão rapidinho assim, aliás, nada demora mais a morrer do que estrela.

Na galeria, meus olhos fitaram, no fim do mundo, a mesma imagem que você. Os olhos nos olhos, tendo Van Gohg no meio como espelho.