terça-feira, 30 de junho de 2009

aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh................................
quero gritar
to sem oculos
to sem folego
a ciranda do amor é sacanagem dos signos
zodiac cheating hardly
tava escrito: aquário combina com libra e libra combina com leão
what the hell!!!
quero descer a ladeira gritando na trepidação
freiando com os pés
escuto músicas antigas
estou num bar no meio do Arizona
me, the boots and the cigarettes
não sei há quanto tempo estou eu aqui com essas memórias
essa cabeça só de lembrar
quantas horas são? quantas horas no meu sabor de resto de sorvete napolitano no papelão?
rosa 1983. vermelho jaqueta de nylon. azul elefantinho bordado. lilás Esqueleto.
tudo medindo meu tempo na medida do que toma o tempo em si, engole.
um dia, me davam banho, pediam pra eu levantar a cabeça pra não ir shampoo no olhinho
e hoje? sou eu quem devo mandar cartões postais? não recebo nenhum? nenhum marcador de livro com a imagem de um filhote num papel fosco? confundir doce de goiaba com goiabada e fazer bolinhas de papel crepon. a cola, a massinha atóxica, giz de cera tudo tinha um cheiro bom. tudo era bom. até novalgina no copinho de alumínio.
enloquecendo aqui. eu, os dedos com unhas que fazem barulho de plástico. meu esôfago acusando algo.
rescue, rescue... no one? nenhum? nunca?

para Ita

Tonight the music seems so loud
I wish that we could lose this crowd
Maybe it's better this way
We'd hurt each other with the things we'd want to say
We could have been so good together
We could have lived this dance forever
But noone's gonna dance with me
Please stay
And I'm never gonna dance again
guilty feet have got no rhythm
though it's easy to pretend
I know you're not a fool
Actually, qual é esse problema em poder exagerar? Por que não? Por que não arrancar os cabelos, feito Bonnie Tyler? Por que não aumentar o vermelho do batom, sair trombando de ombreiras nos outros pela rua?
Quero exagerar, ou pensar que exagerar é uma coisa comum. Quero, no abraço, cravar unhas, quero um tom alcóolico nas minhas conversas sempre, quero olhar de frente, de tudo, quero aprofundar, quero me afundar, sem desculpas, em cabelos e fitas de video empoeiradas no armário.
Hoje, tive um sonho. Recebia uma encomenda pelo correio, que era redenção, era um pedido de desculpa sem eu pedir. Não sei ao certo o que quis significar, mas me manteve esse nó na garganta. E que me dá vontade de chorar. Sim, porque eu choro. Eu choro.

em tempo

Aliás, eu sou a Bonnie Tyler...

poetry by the river - Before Sunrise

Daydream, delusion, limousine, eyelash
Oh baby with your pretty face
Drop a tear in my wineglass
Look at those big eyes
See what you mean to me
Sweet-cakes and milkshakes
I’m a delusion angel
I’m a fantasy parade
I want you to know what I think
Don’t want you to guess anymore
You have no idea where I came from
We have no idea where we’re going
Lodged in life
Like branches in a river
Flowing downstream
Caught in the current
I’ll carry you
You’ll carry me
That’s how it could be
Don’t you know me?
Don’t you know me by now?
- Sabe o que acontece comigo?
- O que acontece com você? (um pouco sorrindo ela, já esperando um tipo de fala minha)
- Eu vejo através de seus olhos.
Isso foi minutos depois de termos falado sobre a cor dos nossos, os meus, mais escuros.
Ela quis rir olhando pra cima, como se aquilo fosse uma coisa ridícula. Assim como faria nas várias vezes em que não sabia/saberia dizer em respostas a algum comentário, ou pelo fato (e quase sempre) de ter sido um elogio, uma fala de mel e enaltecimento, ou quando era mesmo algo ridículo, como tudo que eu já podia ter falado. Mas não.
Ela se conteve nesse ritmo, nessa seqüência óbvia. Se conteve antes do primeiro passo de fazer a cara que prenunciava a reação.
Me fitava, nem ria, nem estava séria. Era como se acreditasse, achando bonito.
Ela já estava segurando minha mão. Segurava agora mais forte, ou tanto quanto antes, e, só agora, eu percebia. O suor apertado de uma contra a outra.
Lembrei a cara que ela fez várias vezes quando nos reencontramos. Era de olhar profundo, apertando um canto da boca, como num leve ponto de costura, suspirando por dentro quando montava um sorriso e se transparecia pra mim, e se fazia um espelho, já que, parecia que eu, talvez, estivesse com a mesma cara, ou mesma sensação. Eu não soube, não quis mentir. Deixei (deixamos) me levar pelo que era de fora, pelo que sempre comandou, pelo que nos trouxera até aqui.
também estou no inferno astral (inverno astral?)...

sábado, 27 de junho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

+

Coloco minha jaqueta vermelha, no corredor, vejo a sombra. O Raoni se levanta bruscamente da cama box. O Ita arregaça as mangas no antebraço.
Você que não queira, mesmo que não queira, qualquer formigamento que sentir na perna, qualquer cãibra de pescoço, todo movimento involuntário, pode saber, é ele se apresentando, é ele te possuindo.
Demorou, but he´s back to where he belongs. The highest heavens. Deus, que é muito bom em sua grandeza, nos permitiu sua presença por curtos cinqüenta anos. E, justo, cinqüenta, que é um número tão redondo (entrelinhas?).

Meu cansaço de hoje me deixa sem pernas, me faz pendurar a jaqueta no cabide, enfraquecer os dedos na tacada da sinuca. Quero gritar e não posso, quero cair no chão como numa coreografia, quero ajeitar os cabelos como um gangster, but I´m not smooth enough. Quero ver, quero enxergar a linha fraca que se esticava entre suas costelas frágeis e o poder de segurar um furacão dentro de si, que saía pra fora apenas na medida exata pra extasiar com coisas impossíveis – everything glittered.

Hoje, silencie-se, mesmo que I just can´t stop loving you esteja reluzindo em sua cabeça, mesmo que a batida de Billy Jean não sossegue, silencie a voz de The way you make me feel, se essas forem as suas vozes, engula seco essa gosma que nunca mais vai sair, porque o tédio, o inexpressivo, venceu, o Invencible deu seu último tchauzinho por debaixo do guarda-chuva. Reverencie.

Hoje, a luz caiu um tom, mesmo que na clareza azul do céu de Brasília, hoje, nem chapéu esconde minha cara, o último respingo do extraordinário se esvaiu. Vai ser difícil deixar essa manta insistente das vidas cotidianas e ridículas descer definitivamente tirando o róseo frágil que pintava de poesia o negro do urbano, o cinza do concreto, todos os dark ends of the streets, onde pessoas eram pessoas. Hoje, nada se move, nada grita ou canta. Hoje e sempre tudo se cala. A névoa virou gelo seco. O beco é cenário de papelão, contrataram um dublê, pintaram tudo de cal e a chuva lavou. A fantasia que ele inventou era a única verdade possível.

terça-feira, 23 de junho de 2009

beloved

Caninos
Boêmios
Todos, todos venham cá
Se aconcheguem no meio da noite, num manto macio esquecido no sereno
Café voltou molhado
De chuva, de suor, de cuspe dos outros
O mensagueiro mudo e tímido se recolheu no trauma, no tédio, sob os olhares interrogativos
Soprou-se no poço, no fosso, gritou-se e o nada nada respondeu
Nem o eco – e tudo descansou
(grama e criança brincam sem saber, sem saber até que ponto outra configuração está se imprimindo)
São sete horas. É inverno. É escuro. Na casa no meio do mato os sapos barulham sozinhos, insetos, sons da noite fria do cerrado, sem orelhas pra se levantar, sem um novo acomodar na cinza, na palha, sem pêlos pra esquentar. O vazio do cair da goiaba no chão perde os protagonistas dessa toda e conhecida interação entre planta, bicho, gente e casa.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Luciana teve convulsão. A Angélica usava aparelho. A Laura ficava roxa nas aulas de natação. O Alan era sempre o pai nas brincadeiras de casinha. O Tulio era grande. A Tatiana chupava dedo. O Diego fez cocô na roupa. O Marcelo Tiago era primo da Juliana. A Juliana era minha melhor amiga. O André dançou quadrilha comigo. O Lucas, o que tinha o Lucas? O Lucas era irmão do Dudu, que era lindo e morava do lado da Vera. O Jaime tinha medo da Cuca. O Rodrigo já era meu melhor amigo. A Vanessa soluçava quando chorava. O Marcelo saía da água de olho aberto. O Leandro tinha cara de pastel. A Mariele tinha buço suado (kkkkk, pior que era verdade...).
E eu?
Eu brinco de exibir minha irmã. Ninguém percebe. Eu finjo que não faço. Ela é quase uma desculpa inventada quando peço pra que os outros não façam barulho, porque ela está estudando. Mas, aí, durante um intervalo, ela desce, com short ou moletom, dependendo da estação. Ela faz bauru. Ela oferece. Ninguém aceita. Ficam olhando ela, imaginando o que é ter dezessete anos com a tabela periódica pregada na parede e poder sair, das poucas vezes que ela o faz por esses tempos, de gola rolê, tão esguia (sem saber dizer essa palavra), comprida pra cima e bonita. Fico no sofá e a vejo sair. Fico aqui. A cama do lado, sempre feita, o travesseiro com cheiro de cabelo e perfume, suas roupas penduradas no armário, os livros espalhados, o holofote ligado à noite, suas mãos longas quando gesticulam... Meu olhar miúdo registra o que a moça-mulher estabelece para o meu objeto sem alcance, minha vontade-admiração de ser como ela é, passando o lápis de olho no espelho, segurando uma taça na fotografia. E o tempo sabe o que guarda, traça uma dor de olhar a cama ao lado e não ver nada além de roupas empilhadas. O tempo estica os cabelos. O rastro que ele deixa fica só em mim, a olhar o cair da tarde e imaginar sua mão segurando a minha, e eu, pequena, fingindo de não perceber pelo caminho da calçada.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Eu não posso dizer tudo. Nem tudo se presta a uma entrelinha ou uma metáfora pouco ou bem elaborada.
O que eu pude sentir, viver não pode ser trazido. Por isso que calo. Por ser muito. Por tudo e grande e entre mim e isso não há nada que se possa se entrepor, por mais translúcido.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Não era dor o que eu sentia. Não havia dor. Era uma coisa clara e límpida, como cheiro de inverno, uma calma pelas gramas e luz que descia como um lençol no preparo da cama. O corpo, a cabeça, a testa de uma ressaca que, depois entendi, era menos pelas várias garrafas verdes, do que o frio na barriga que me calou a voz. Mas havia mãos, braços, braços, jeitos, possibilidades de esquentar o pé. Havia quem me segurasse antes mesmo de eu perder o ar, me dando colo e barrigas onde eu buscava profundamente o fôlego. Minutos que viraram um espaço entre uma coisa e outra, uma gavetinha estreita e comprida.
Tudo ficou nítido, até a letra da música no carro. If I could stay...
Não quero ter medo. Não vou ter medo. Vou estar, por tudo o que for...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

quinta-feira, 4 de junho de 2009

L.U.T.O

BANGKOK – O ator norte-americano David Carradine, de 72 anos, foi encontrado morto ontem em um hotel de Bangkok, na Tailândia. Embora o agente do astro, que estava no país asiático para filmar uma nova produção, afirme que Carradine morreu de causas naturais, veículos de imprensa tailandeses especulam que ele teria cometido suicídio.
Getty Images
Estrela da série de TV "Kung Fu", David Carradine trabalhou em mais de 200 filmes
De acordo com a versão online do jornal The Nation, a polícia local encontrou o ator enforcado no closet do quarto em que estava hospedado. Segundo relatos, a equipe do filme foi jantar na noite de terça-feira e estranhou a ausência de Carradine, mas os colegas imaginaram que, por causa da idade, ele teria preferido descansar no hotel.
Famoso pela série de tevê "Kung Fu", sucesso na década de 1970, Carradine participou de mais de 200 longas-metragens, além de uma extensa carreira na televisão e nos palcos dos Estados Unidos. Recentemente, estrelou as duas partes do filme "Kill Bill", de Quentin Tarantino.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O único virginiano que ainda agüento é o Morten Harket. O único libriano que agüento é o Hugh Jackman. O único pisciano que consigo agüentar é Jon Bon Jovi.
Será que isso aqui vira uma enquete?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sometimes you just don´t know.
Se tudo fosse o sentimento de alívio, se tudo fosse a consciência que chega na hora de uma música que toca no rádio, de que o pior já passou, de que a vida é bela e que há o que há por vir. Aí, você olharia de lado, pela janela do passageiro no carro, a neve lá de fora, você quentinha dentro, vendo os rostos de perfil. Se tudo fossem mão dada, ainda que com vento frio no rosto, e o saber a existência da mão, mesmo com o conceito de luvas se interpondo no contato direto.
A gente fugindo..., não sei do que, mas fugindo junto, que era o que importa, com chuva, com buraco, pela praia cinzenta... mas haveria abraços e jaqueta jeans limpa e apertada para nos proteger da cena, ou nos guardar uma sensação bonita como numa capa de disco...
Se alguém tivesse espreitado... Não sei se alguém estava vendo a menina de 21 anos indo embora no aeroporto. Talvez não houvesse quem tivesse registrado de fora o mínimo espaço-cena. E aí, existem eu e a memória, mas, de que adianta? Não sei quem quer saber.
Espero tocar de novo a música no rádio. Espero tocar uma outra parecida. Posso até cantarolar aquela, mas não há o efeito. Nos vi a nós todos como num fim de filme, luz fraca de hemisfério norte querendo ser sorvida de inspiração.
Na biblioteca empoeirada, procurando outras coisas, acho sem querer a música numa fita. A música ainda está lá, também empoeirada, mas os personagens se foram. Não há neve, nem anjos de cipreste, nem os rostos de perfil. E se a música existe sem tocar, será que ela existe?