segunda-feira, 30 de junho de 2008


Todo dia tô engasgada. Todo dia o vidro refletindo e não sou eu. Todo dia penso nela. Todo dia pego um filme, sujo os pés, compro Coca-Cola. Todo dia sinto saudade. Todo dia passo calor. Todo dia espero. Todo dia compro, digo, cantarolo, grito dentro do carro, piso a calçada de chinela havaiana. Todo dia não a tenho. Todo dia. Tododia.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Cássia Kiss. Cássia quero.




Há pouquíssimos meses, meu marido e eu assistíamos ao programa Entrelinhas da TV Cultura, como gostamos de fazer aqui em Palm Beach, e vimos, por assim dizer, uma reportagem sobre o poeta (pantanero) Manoel de Barros. Já tinha ouvido falar dele. Já tinha ouvido Cássia Kiss falar dele, mas, naquele dia, além do aconchego e aproximação que o programa consegue alcançar, ela não só falou, com aqueles seus olhos arregalados perguntando ao próprio entrevistador, mas leu Manoel de Barros. A reportagem também mesclou uma entrevista curta com o poeta e imagens daquele senhor, velhinho de camisa.
Aquilo marcou, assim como outros programas sobre outros autores marcaram.
Mas eis que a briga de audiência entre dois canais – estes, sim, privados – levou ao esdrúxulo (pelo menos, até agora, em matéria de televisão) acontecimento da reprise de uma telenovela que foi exibida por um terceiro canal, no início de 1990. Estou falando de Pantanal, um encanto, um projeto que soube reunir gente excelente e com coragem de fazer algo diferente e com qualidade (mas esse é, ainda, um outro assunto... ou não...).
E fico lá me deliciando com todas aquelas imagens, lamentando o fato de que a TV use muito estúdio, pouca cena externa, me atentando aos diálogos do Zé Dummont e da Cássia Kiss, esplêndidos, puros, de pé-no-chão, tudo aquilo me comovendo, me deixando dentro d´água, me deixando descalça, touchy. Tanta coisa me tocando por dentro, tudo que é idade passando, tudo que é isso tudo, que, da primeira vez, foi há mais de 18 anos atrás e nada ainda tinha acontecido, pensando no mato, na roça, no jeito de ver as águas, o pasto como algo natural, olhando os olhos dos ruminantes.
Maria Marruá morreu. Aos berros. Ela não cedeu, encarou a arma, encarou o homem de frente, com seus olhos saltados, mais do que animais. Uma cena linda de luta dentro d´água, tudo muito mulher, como a Cássia Kiss tem conseguido fazer.
No outro dia, no meu ambiente normal de trabalho, fiquei sabendo que Cássia estaria aqui, sim, aqui em Palmas, para um projeto sobre escritores brasileiros – ela leria textos, poemas do Manoel de Barros. De repente, tudo foi um encaixe e quase surreal, porque justo tudo aquilo que eu andava curtindo, tudo somado, já que o próprio poeta é também um poeta pantanero, o pantanal é personagem e presente em quase tudo que ele conta, presencia, inventa...
Fui, ouvi, me deliciei com o que se tornou raridade nos meus ouvidos, na minha alma, na minha pele na terra do horizonte sem fim... Ela, de vestidinho colorido, meia calça preta, sapatos boneca moderninhos, à la artista plástica, magra, ágil, sentada na ponta da mesa, com óculos quadrados, permitindo que ela olhasse por cima das lentes, quase parecendo uma velha, os cabelos de um liso cheio grosso, curtos, que ela bagunçava de tempo em tempo. Imprimiu naqueles versos delicadeza, pessoalidade de atriz competente e extasiada da poesia, falou do cavalo, do Bernardo, da nuvem de calças apertadas, da chuva derretendo a bosta de vaca, borboletas, sexo na pensão e na cabeça do adolescente poeta... Ela escolheu os versos e escolheu como contar, como dizer, como chegar no meu ouvido através de sua voz, que crescia, levantava nos momentos dela, as mãos se mexiam, os dedos ficavam em riste por vezes... Pensei que uma coisa era ler poesia, outra, era ouvir... e, através dela, aquilo era de encher o travesseiro.
No fim, não agüentei. Fui tietar, mas, com delicadeza, fui olhar de perto os sulcos da sua face, dizer que ela era xará da minha mãe, contar o lance do Entrelinhas e fazer uma brincadeirinha que usei pra abordar: “quase deixei de vir, pra poder te ver em Pantanal, mas a Maria Marruá morreu ontem...”. Ela, sorrindo mais os olhos do que a boca: “tadinha...”. Depois, conversamos mais duas vezes, inclusive, já lá fora, quando eu perguntei se ela, Cássia, também escrevia, ela disse: “cartas...”. Inclusive para o próprio Manoel de Barros, que respondia com graciosas quatro linhas de velho.
A professora carioca (palestrante da noite), Eliana Yunes era o nome dela, cheirando a Eternity, com sotaque limpo de aristocrata e português impecável, muito simpática, convidada a convidar os locutores ao incurso na leitura, na literatura, me aconselhou a deixar um pouco o Fórum quando lhe contei meu interesse em escrever.Era noite, menos quente do que qualquer outro dia, meu estômago, vazio, dava trégua, a única cerveja esperava no bar ao som do ritmo do Calipso genérico. Mas eu não estava lá, não havia nem braços ou cotovelos sobre a mesa, fui longe e não soube voltar.

terça-feira, 24 de junho de 2008

ascendente em libra


Um dia vou continuar meu romance e ninguém vai me ter (meter?). Um dia vou ser digna de ninguém me merecer. Casquinha de siri, na beira da praia. Inatingível vou ser. Não quero ser de ninguém. Ninguém. Ninguém.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Joinha?


so we all

must lend

a helping hand

quinta-feira, 19 de junho de 2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

Voil

Todos os tons de marrom que foram escorrendo pelas suas pernas, torneadas a óleo, impregnadas dos viscos do meu olhar.
Risco de gilette.
Ao fundo, o filme de Almodóvar – rojo, rojo...
Saltos. Pés magros de mulher.
O batom vermelho enfraquecido. (Jagger?)
Meu copo d´água de vodka. Eu detrás da cortina. Minha respiração sente o cheiro do voil.
A tv de abajur.
Minha pasta entreaberta. Minha preocupação com os papéis com os quais eu me preocupava fades away.
She´s swinging. Her hips.
Oh, god. This is only a fucking motel room.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Minhas moleton


O moletom, podem perceber, é um item em extinção. Chamo de item, porque significa mais do que um tecido, mais do que uma única peça de roupa, que pode ser calça ou blusa. Nos anos 80, o moletom era roupa de passear, mesmo quando não estivesse lá muito frio. Eles vinham novos com um cheiro bom, e quando os flanelados foram lançados no mercado, aquilo era tão especial, espetacular, que, muitas vezes, eu vestia sem camiseta por baixo só pra sentir o toque macio debaixo da blusa, protegendo as costelas ainda sem o que significasse ter seios propriamente.
Nos anos 90, o moletom era a peça mais versátil, mais dia-a-dia, mais cadernos-espirais-contra-os-seios, mais calça-jeans-clarinha, mais deixa-eu-deitar-no-seu-colo-na-hora-do-recreio, era a blusa, era a calça, muitos eram azuis-marinhos, outros cinza, outros, um pouco menos ordinários, eram verde, musgo ou escuro, ou eram vinhos, havia também os rosas (esse é um outro departamento, mas, tudo bem). Para se estudar, para se ter entre 14 e 18 anos, para se aquecer e esconder as mãos geladas de manhã, para buscar o irmão na rodoviária à noite, para ficar doente em casa, para estudar pro vestibular, para tudo isso era necessário o moletom.
E há quem ache as calças de moletom um tanto contra a boa compostura, quase um insulto ao olhar clean da moça étnica moderna bem vestida de cabelos da surfista ocasional na Califórnia, mas elas traziam certos benefícios. Apesar de formar uma lomba no joelho, elas deixavam as moças com as nádegas aparente, mas, discretas, à vontade, como quem não quer nada, e, nos rapazes, sinceramente, era o que eu mais observava, elas firmavam um bom acordo com os seus pingolinhos, os bigulutes, as saliências à frente, pênis, mesmo, pênis adolescente, do menino que ia com todo o conjunto de moletom, pintinho na frente, camiseta, chinela havaiana, meio cruzando os braços de pouco frio, comprar coca-cola na padaria, pro lanche do fim da tarde no cair da temperatura em Uberlândia, e te cumprimentava, no balcão, e ia embora, virando as costas, mostrando uma imaginação de nádegas.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

cirandinha


Há uma música dos anos 80 que se chama If looks could kill (“you´d be lying on the floor...”), de uma banda chamada Heart. Já vou avisando, não é dessas que vocês vão ter notícias nessas festinhas dos anos 80, que já viraram clichê. Acontece que a banda era de heavy metal, com dois homens e duas mulheres (irmãs entre si, inclusive). O legal é que o vocal era feminino. Tá. Acontece que a figura vocalista também cantou Almost paradise (gente, por favor, concentração, senão não vamos pra frente, isso aqui é assunto elevadíssimo, não é coisa pra principiante...), tema romântico no filme Footloose (é aquele com o Kevin, vem, Bacon, leia-se, toucinho). Só que a música é do Eric Carmen (sim, é um homem, mas há controvérsias...), que é cantor e compositor de Hungry Eyes, da trilha do Dirty Dancing.
Trilha de filmes dos anos 80... isso aqui vai ser só o começo...

eyes without a face


Billy Idol. O refrão, com as backing vocals é cantado em francês, por isso a falta de entendimento. Take it easy brothers...

Calor. Dor de cabeça. Dor de estômago. Auditoria. Chefe de volta das férias. TPM (não queria assumir...). Será que cerveja mais tarde resolve?

Por enquanto é só. Tô voltando aos poucos... ou não...