quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mais pra narrativa

Palmas. Mais de trinta graus. 04:55 da manhã. Acordo com o interfone. Era pra estar de pé às 04:00, já que teoricamente às 05:00 já era pra estar no aeroporto. Não tomei banho, não fiz nada, apenas penteei os cabelos e escovei os dentes. Remelas incomodando. "Guenta a mão aí, Ralph!", falei pro motorista. Voamos literalmente.
Durante o voô, estado de meio termo, meio acordada, meio dormindo, sem dar tempo pra refletir em tudo o que estava/está acontecendo.
Meu primo me pegou no aeroporto. 15 graus de manhã.
Fomos ao mercado, comprei coisas básicas de limpeza, sabe?, tipo, pra me instalar... Croissant também - não resisti, do Extra.
Cheguei, gente. E isso nem consegue ser só de uma vez em mim... Quanto tempo será que essa sensação vai durar? De qualquer maneira, já tenho telefone (depois passo por e-mail para as figuras...) celular, aquele que custa 59 reais que, segundo meu primo é o famoso pé de boi: além do casco, não tem nada...
Dirigi aqui, fui do Lago Norte até Águas Claras dirigindo o carro do meu primo... Assim, ainda muito matuta, mas, vamos ver...
Acapulco, here I am...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Acapulco, here I go!!!

sábado, 20 de setembro de 2008

a última gota

QUERO PROTEGER OS MEUS ÍNDIOS DESSA RAÇA DE ANTROPÓLOGOS!!!!
A antropologia, os antropólogos se ocupam mais em arranjar nomes pomposos e metidos a poéticos para intitular seus livros, do que propriamente com seu conteúdo. Poderiam dizer: e o que você conhece de antropologia? Conheço a minha implicância e conheço bem uma pessoa querendo o ser.
São uns playboys querendo romantismo, não querem cuidar do asfalto da sociologia, seus ranços fétidos e necessários, não querem acompanhar o papai, para ter que enfrentar a ciência política, ficam num meio termo. Acham que são filosóficos, mas não têm cacife e coragem de segurar a bunda na cadeira, de fitar a pedra, querem ficar tirando foto...
Ai, me chamem do que quiserem, mas, pelo menos, ainda há o Darcy Ribeiro, cuja obra se chama: O Povo Brasileiro. E só.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Eça

"A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da senhora D. Maria I : com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar−se−ia a um colégio de Jesuítas. O nome de Ramalhete provinha decerto de um revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do Escudo de Armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassóis atado por uma fita onde se distinguiam letras e números de uma data."

e coma todo seu cereal!

De manhã, eram sete horas. O vidro da janela bastante embaçado. O rádio ligado dava as notícias, com voz de locutor dos anos 60 e sotaque gauchesco, e a temperatura na Capital. Meu pai, a essas alturas de remelas de meninos relutantes em se levantar, já tinha enchido a bacia com água quente do chuveiro para que pudéssemos lavar o rosto sem maiores traumas. Ele arrumava o café, que podia ser mingau, ou algum leite requentado com gosto de geladeira, o que, no meu entendimento, era aquela reminiscência de melancia impertinente. Íamos espremidos na F-1000, roçando as fofas jaquetas de nylon. Os prédios perto da Praça de Shiga eram engolidos pela névoa, o portão do cemitério com gordas oferendas, os pneus deslizavam sobre a pedra úmida e rosada, no rádio do carro, pela Atlântida FM, REM ou qualquer coisa alimentando a minha ávida puberdade. Ele, depois do Plácido de Castro, poderia voltar para o apartamento, preparar-lhe um chimarrão, tentar esquentar os pés no aquecedor improvisado, encarar a teoria crítica e adentrar.
Alguns poderiam pensar como lhe rendia o tempo, se, ainda, ao meio dia, era hora de nos buscar na escola, e, talvez, na noite precoce do inverno portoalegrense, fosse também o dia de ir ao Zaffari, e que ainda havia a esposa antes dos trinta com quem se ocupar, além dos momentos de Instituto Goethe, de bicicleta no Parque Farroupilha, no Parque da Marinha ou nas várias praças que circundavam o apartamento na Ariovaldo Pinheiro. Sinceramente, não sei. Sei é que o bolsista do DAAD e aluno do programa de doutorado na UFRGS era também o full time daddy, que, em termos de ser um doutorando, fazia disso, pelo menos a nós, filhos, mais uma característica do que uma condição.
(suspiro...)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

If I could you know I would
If I could I would let it go

where do we go now but nowhere - nick cave


I remember a girl so very well
The carnival drums all mad in the air
Grim reapers and skeletons and a missionary bell
O where do we go now but nowhere
In a colonial hotel we fucked up the sun
And then we fucked it down again
Well the sun comes up and the sun goes down
Going round and round to nowhere
The kitten that padded and purred on my lap
Now swipes at my face with the paw of a bear
I turn the other cheek and you lay into that
O where do we go now but nowhere
O wake up, my love, my lover wake up
O wake up, my love, my lover wake up
Across clinical benches with nothing to talk
Breathing tea and biscuits and the Serenity Prayer
While the bones of our child crumble like chalk
O where do we go now but nowhere
I remember a girl so bold and so bright
Loose-limbed and laughing and brazen and bare
Sits gnawing her knuckles in the chemical light
O where do we go now but nowhere
You come for me now with a cake that you've made
Ravaged avenger with a clip in your hair
Full of glass and bleach and my old razorblades
O where do we go now but nowhere
O wake up, my love, my lover wake up
O wake up, my love, my lover wake up
If they'd give me my clothes back then I could go home
From this fresh, this clean, antiseptic air
Behind the locked gates an old donkey moans
O where do we go now but nowhere
Around the duck pond we grimly mope
Gloomily and mournfully we go rounds again
And one more doomed time and without much hope
Going round and around to nowhere
From the balcony we watched the carnival band
The crack of the drum a little child did scare
I can still feel his tiny fingers pressed in my hand
O where do we go now but nowhere
If I could relive one day of my life
If I could relive just a single one
You on the balcony, my future wife
O who could have known, but no oneO
wake up, my love, my lover make up
O wake up, my love, my lover make up

terça-feira, 16 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ilustrando




Não quero mais ser. Só quero voltar. Voltar pra um 85 em que minha tia Palila assobiava ao portão e corríamos ao seu encontro.
Por que é que qualquer objeto, qualquer pálida sombra de qualquer coisa daquele tempo me conforta dolorosamente agora, querendo me transpor praquelas paisagens mornas de aproveitar o quintal, de se perder no quintal? Qualquer coisa pra um 86 longínquo, qualquer cabeça de boneca arrancada, a máquina de tirar fotos que surpreendia com água... Por que? Por que qualquer imagem do pé de limão me convida agora muito mais do que qualquer coisa que eu possa ter ou querer aqui? Não há confortos, não há confortos! Não há Lucas e Cecília para chamar do outro lado do muro. Não há grama, piscina, pedra quente, não há o tapete de linha azul, não há nada, nem fresta de sol de manhã, nem dia de faltar da escola, nem nada, nada. As pessoas foram para algum buraco do tempo, parece que só eu fiquei aqui nesse meio de caminho...
O aramado amarelo, a pintura de tinta a óleo que nunca se secava, o telefone, o som do telefone, as cadeiras de vime, o cheiro do armário da copa, os pratos pendurados na parede, os bibelôs de viagem na sala pequena, o aparador, as fotografias, o carpete verde, os discos, as estantes, o bancão... tudo isso me traria agora mais conforto do que qualquer travesseiro, qualquer banho quente, objetos tão cheios de vida e Maíra em mim.

domingo, 14 de setembro de 2008

Tenho que contar que vi nesse fim de semana o clipe da Jennifer Lopez imitando o Flashdance. Quase tive um enfarto... quem deixou a mulher fazer aquilo? Jesus Cristo!!! Não há mais moral, mesmo...
Meu primeiro presente de aniversário já ganhei. DVD da série Os Maias. Quem me conhece bem sabe o quanto isso representa pra mim. Estou viciada, acordo e durmo vendo, ou sonhando... Sei porque uns usam drogas - minha intenção é a mesma, mas vou me engabelando com literatura, interpretação, luzes foscas de Luis Fernando Carvalho e, sejamos sinceras, com o Fábio Assunção, que mesmo perdendo seus olhos azuis para os olhos negros e mouros dos Maias, é uma maravilha penentrante. Ai, que suspiro...
E ando pensativa, tentando entender mais sobre alguns personagens e tal, me voltando para o livro. Tenho ainda que pensar muito sobre a Maria Monforte..., acho que tem muito ali ainda pra se decifrar... Quem concorda?

Obrigada, Nara!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

o tempo está tão seco, mas tão seco, que não tenho mais cera de ouvido, e sim, farinha de ouvido...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

4U

THELMA
Now what?

LOUISE
We're not giving up, Thelma.

THELMA
Then let's not get caught.

LOUISE
What are you talkin' about?

THELMA
(indicating the Grand Canyon)
Go.

LOUISE
Go?

Thelma is smiling at her.

THELMA
Go.

They look at each other, look back at the wall of police
cars, and then look back at each other. They smile.
O tapete rosa da sala não era um tapete; era um quadro. E era pra gente passar a mão, era bom passar a mão, sentir a lã felpuda, que compunha os desenhos geométricos coloridos – verde musgo, branco, rosa.
Tenho quase certeza de que, enquanto minha mãe fazia esse tapete em 1984, ela dizia que seria pro meu quarto em Uberlândia, que ela ia montar com os enfeites rosas, a casinha de porta-jóias, o coelhinho de louça, onde ficavam flores de plástico, as miniaturinhas de Gramado. Mas o tapete virou quadro e foi pra sala. Abdico do tapete, não me importo, porque, na sala, com o sofá de alvenaria de tijolinhos à mostra compondo a cena, ele encaixava certo, ficava pendurado pra gente passar a mão..., era tão gostoso passar a mão...
ontem, resolvi escutar Adriana Calcanhoto. Percebi o tanto que as músicas são aquelas de dor de cotovelo, de mulher largada. Não todas, claro, mas as famosas que me pus a escutar. Vide trechos:
"eu perco as chaves de casa, eu perco o freio
estou em milhares de cacos, eu estou ao meio
onde será que você está agora?"
"eu quero arranhar os discos...
que é pra ver se você volta
que é pra ver se você vem
que é pra ver se você olha pra mim"

terça-feira, 9 de setembro de 2008

still water



Levei um tiro. Caí no chão em câmera lenta. Ainda estou caindo. Meu irmão dormindo do lado, era meu irmão de verdade. Ele segura minha mão na vertigem da madrugada. Ele não sabe o que falou, o que balbuciou ali nas cobertas, talvez nem lembre que esteve acordado a me dizer “tadinha...”, mas não é a consciência que garante essas coisas de presença. Pensei: há muitas outras mãos que não a sua. E sabê-las me reconforta mais do que suspiro.

By Kássia Oliveira

Maira tenho lido seu blog, mas não consigo enviar nemhum comentario.Ah, essas mães!.Cores cheirosas e cheiros vermelhos
Bendita és tu , do vosso ventre Madalena
Elena,
Tu és a mais bela da maria
de Maíra.
saudades
idades
beldades
verborreia
Diarréia de letras e palavras que as vezes não sei postar. so ´posso te amar muito. De noite de dia eternamente lulu. Minha. So minha assim, ninguem mais assim. assim so você. VOCÊ.

sábado, 6 de setembro de 2008

pão de queijo

1 prato de polvilho (mais grosso, fino, não, compra lá em Piracanjuba)
1 prato de leite ou água (com leite é mais gostoso)
1/2 prato de óleo (acho que é)
6 ovos
1/2 prato de queijo curado ralado (um tanto bom, sei lá..)
sal à gosto

Colocar o leite e o óleo pra ferver. Cuidado porque supita, tem que vigiar a mistura. Escaldar o polvilho, aos poucos, com a mistura. É muito quente, cuidado. Depois, é bom dar uma uniformizada naquilo. Aí, deixe dar uma esfriada e junte os ovos e o queijo aos poucos e vá amassando. Se você já é tia ou avó, suas chances de essa receita dar certo é de 85%. Arrume alguém para enrolar pra você, porque é o ó. E tem que untar as mãos, mas não com muito óleo.
Sirva com qualquer coisa, inclusive com Heineken.
Brasília. Águas Claras - que não é cidade, não é bairro e não é Brasília.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

More than I can bear

Hoje foi necessário escutar Rain song.

Carente profissional - Cazuza

Tudo azul num céu desbotado
E alma lavada sem ter onde secar
Eu corro, eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar prazer
Carente profissional, carente
Se eu vou pra casa vai faltando um pedaço
Se eu fico, eu venço, eu ganho pelo cansaço
E os olhos verdes da cor da fumaça
E o veneno da raça, e o veneno da raça
Levando em frente um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente é sagrado
E é tudo piada, é tudo piada
Rafaella, escreve alguma coisa aí, escreve pra eu ler. Sem esse vício não dá! Já tive que acabar com todos os outros, mas, com esse, não!
Vai, aí, qualquer dose, xícara de chá ou colher de café mesmo. Um pouquinho aí. Rapidinho aí, vai, igual gelatina...
Antigamente era fácil. A gente via The Commitments, Vida de Solteiro, a gente decorava os filmes. Fazia aniversário. Fazia dezessete anos. Vivia de cartas e bilhetes, escritos de caneta mesmo.
Antigamente era suficiente.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Antigamente, não existia TPM. O que existia então?

Antigamente, não existia stress. O que existia então?

Antigamente, não existia menino hiperativo. O que existia então?

Antigamente, não existia dislexia nem déficit de atenção. O que existia então?
Estou pesando 46 kg. Pesei ontem, de calça jeans e tudo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

home at the end of the world



Assisti esse filme ontem. Todo dia tô assistindo (a) um filme. Ontem foi esse. Tipo, olhei a capa, não sabia nada a respeito, mas esses filmes servem pra esses momentos. Eu gostei.

Eu queria dizer pras pessoas que eu acredito no amor, acredito muito no amor. Não esse grudado com cola nos desenhos de mimeógrafo, não esse que, mesmo com o ciúme dos pais muito estritos, é permitido - o que gera casamentos e tudo nas conformidades. Mas as diversas manifestações de amor e dedicação às pessoas. (Eu teria muito a dizer sobre isso, mas parece que me deu preguiça...). E o filme meio que é sobre isso... Sei lá, se alguém estiver a fim... e se, depois, eu estiver a fim de falar mais sobre isso... Whatever...
Ele me abordou perto da mesa dos canapés. Canapés... é uma palavra muito chique pr´aqueles salgadinhos. Ficamos com aquele ar de que aquela coisa de casamento, aquela emoção forçada toda não era coisa pra dois peixes fora d´água naquela situação como a gente, confundindo programa de sábado à noite com festa de casamento. Nós, com aquelas caras de espertos e roupas um pouco fora do tom.
- Pra onde você vai depois?
- como assim?
- depois daqui.
- não, não tem depois...
- você tá com quem?
- a tia da minha amiga tá casando...
Acabamos na mesma mesa, tomando cerveja como no boteco. Às vezes, passavam aquelas batidas duvidosas de pêssego. Os copos se enchiam sem a gente perceber. Eu sentia o perfume dele no caminho pro banheiro. Quanto mais cerveja colocavam no meu copo sem eu ver, mais eu ia ao banheiro e me dava mais vontade e coragem, durante aqueles momentos de reflexão nos agachamentos desconfortáveis de salto alto, de sentir a camisa azul clara dele por debaixo do blazer.
Mas voltar pra mesa significava constatar novamente como as festas de casamento sempre são iluminadas demais, acho que é pra espantar esse negócio de querer consolar a irmã solteira que vai ficando pra trás, eles fazem questão de acabar com essa coisa de meia luz. Alguns adolescentes mais ousados, ou descabeçados, bebendo escondido no jardim, conversando sabe Deus lá o quê, se beijam e se agarram como a coisa mais normal do mundo, mas e eu, eu nem estudante era mais... Que desculpa eu ia dar? Além do mais, eu tava de carona, vim espremida, quase no colo da vovozinha da minha amiga, ia dormir na casa dela...
De qualquer maneira, quando a bandinha já estava na fase Whiskey a gogo, já tínhamos conversado até sobre as irmãs dele, o que me acendia uma luz vermelha pra esse tipo de intimidade familiar, estava indo, de novo, ao banheiro, e ele me puxou pela mão, mas continuou sentado, se colocando tão perto, que praticamente colou seu rosto na minha barriga. Comecei a achar que tava todo mundo me olhando, mas o meu sovaco e minhas mãos suaram de repente e acabei me debruçando sobre ele, em pé, ali mesmo. A minha impressão era de que aqueles priminhos com os mini terninhos alugados se esfregando pelo chão, brincando de jogar frisby com os pratos descartáveis, se esbarravam em mim, e as tias gordas, já com os pés inchados, sonolentas sobre os cotovelos, olhavam de canto de olho, pra quem estivesse do lado, pra perguntar “quem é aquela ali?”. Ai, aquilo tudo foi me dando uma coisa ruim, e, num súbito, acabamos nos escorregando para o jardim também, contra o muro de hera, perdendo completamente o escrúpulo...
Conselho de etiqueta: não se acha homem pra casar em casamentos. E ponto.
O Elefantinho
E.E. Joaquim Saraiva
E.E. Plácido de Castro
E.E. Piratini
ESEBA
Messias Pedreiro
Nacional
UFU

terça-feira, 2 de setembro de 2008

U2 - stay
Green light, Seven Eleven You stop in for a pack of cigarettes You don't smoke, don't even want to Hey now, check your change Dressed up like a car crash The wheels are turning but you're upside down You say when he hits you, you don't mind Because when he hurts you, you feel alive Is that what it is? Red lights, grey morning You stumble out of a hole in the ground A vampire or a victim It depends on who's around You used to stay in to watch the adverts You could lip synch to the talk shows And if you look, you look through me And when you talk it's not to me And when I touch you, you don't feel a thing If I could stay... then the night would give you up Stay, and the day would keep its trust Stay, and the night would be enough Faraway, so close Up with the static and the radio With satellite television You can go anywhere Miami, New Orleans, London, Belfast and Berlin And if you listen I can't call And if you jump, you just might fall And if you shout I'll only hear you If I could stay... then the night would give you up Stay, and the day would keep its trust Stay with the demons you drowned Stay with the spirit I found Stay and the night would be enough Three o'clock in the morning It's quiet and there's no one around Just the bang and the clatter As an angel runs to ground Just the bang and the clatter As an angel hits the ground

a única paisagem que tem feito sentido



Ontem, eu tinha escrito altas coisas e as perdi..., é que vou escrevendo no word, pra nao ficar o dia inteiro aqui, porque acho que nao convém..., mas aí, tivemos três picos (picOs) de energia e perdi tudo... Que grilo...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

child´s love

Um dia eu quero escrever sobre o amor de filho. Todo mundo só sabe falar do amor de mãe, tornando esse chavão tema central de novelas, filmes e capas inventadas da Revista Pais & Filhos. Sem poder/querer comparar o incomparável, penso que grande é o amor de filho.
E é uma coisa praticamente platônica, por ser mais pra contemplativa, aquela de pedestal, velada, amor de suspirar de noite, depois de chorar. Eu não sei se as mães sabem disso, eu teimo em dizer que não. Essas representações que se mostram, em tantas vezes na minha memória, num simples admirar minha mãe se aprontando pra sair, fazendo maquiagem, quando eu era pequena. A gente se debruçava, se pendurando na pia do banheiro, vendo ela passar o New Wave com glitter nos cabelos pra moldar um coque, passar blush, batom, lápis com tanta destreza (quando ela virava os olhos pra cima e abria de leve a boca, para nossa incompreensão) e ainda puxava um risquinho, como se estivesse aumentando o rasgo do olho. As coisas das quais lembro, talvez nem ela as saiba, os elementos de composição da personagem, da fantasia mãe... tudo, por mais que meros objetos ou simples ações, me ressuscita hoje, mesmo que em memória, o conforto que buscávamos nesses itens, como se tudo fosse colo e proteção.
O escarpin de couro de cobra, ou o preto, lindos, mostrando o peito do pé. O vestido azul Royal de linha, longo, com um decote nas costas, com o qual ela foi na festa de casamento da Valéria no salão da Spirandelli e ficou bêbada e chorava e ria ao mesmo tempo, assustando as crianças encolhidinhas com ela na cama.
E os vestidos – dois – sereia da formatura no anfiteatro da UFU; aquilo era pra se descer escadaria, sei lá, coisa de se admirar, cantar música no palco. Mais tarde, ela merecia, foi presenteada com uma taça enorme (pelo menos para os meus olhos de 1987) de sorvete no Choppizza e o disco Dois do Legião Urbana, com dedicatória de caneta Bic na capa.
E quando ela amassou os cabelos feito papel crepom para ir à festa do Túlio. Ou quando ela, de saia-calça de seda, se produziu e chegou atrasada, mas arrasou, com pauzinhos japoneses no cabelo, combinando com a decoração de origamis do Sólon.
E ela atrasava pra me buscar no Elefantinho, e chegava com as unhas sujas pela xilogravura, fazendo dissipar o grilo de mais de uma hora de espera e até parecia que não ia acontecer de novo.
O perfume Hit, da L´Aqua di Fiori, a loção firmadora dos seios, o shampoo Monange de mel, o sabonete de aveia... A gente abria seu guarda-roupa só pra ficar olhando, examinando, decorando as roupas, as coisas dela, os cheiros de perfume, talco Banho a Banho, Care free, tudo misturado...
E tudo isso ela não sabe. Não sabe que a gente queria imitá-la, queria cortar também o cabelo na Maria Eugênia, mas não era longo e preto igual ao dela, que ela passava henna e tinha franjinha, ela podia ter franjinha, ela era a pessoa de franjinha, porque ela era a menina cocota gatinha dos anos 80, de Santana vermelho metálico, quando fazia sentido enunciar o nome dessa cor. Ser mulher, pra gente, era ser ela, refletir sobre isso era pensar que ela sabia ser mulher.
E hoje, impossível não me engasgar e não sonhar que ela volte a ter 20 e alguns anos, porque hoje ela tem 46 e acha que tem 50 há dez. Porque, se essa moça, essa menina, de mãos na cintura contemplando o rio Araguaia, de roupa preta de cotton rumo ao aeroporto, de madrinha de casamento em 1989, essa mulher-criança de língua pra fora na fotografia mora dentro de mim, por que não vive também dentro dela?

explicar o inexplicável?

Podem me chamar de pessoa sem personalidade, ou de libriana que nunca sabe o que quer. A questão é que mudei mesmo de novo o lay out do blog. Dá licença? Não tava gostando..., tava me sentindo presa..., e como estou num período de mudanças, de puberdade canina, resolvi mudar. Ainda vou ajustar uma coisinha aqui, outra ali, mas é isso... Nem por isso virei pisciana...

não vai atrapalhar o teste

A Rachel nasceu velha nova, como as fotos sobre o piano. Ela foi buscar, sugou um quê, um ar do que é atemporal, justamente por ser velho. O jeito dela fumar, jogar a fumaça como ar transparente, infestando a luz pouca, lotando o ambiente de sua presença. Sempre foi chique fumar...
meu amor nunca será de Camille Claudel...

pegando emprestado


Por Não Estarem Distraídos, de Clarice Lispector


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.