sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Soft 2

Eu sabia que isto ia acontecer: a moda 80 voltou. Aliás, moda é um assunto que me atrai, apesar do meu visual não ser tão antenado, mas acho legal como as tendências refletem, ou tentam refletir, um período, uma mudança no jeito de ser etc., etc. Acontece que, nos anos 80, a mulher já estava inserida no mercado de trabalho, a luta pela liberalização do sexo, anticoncepcional, o escambau, já tinha passado, a mulher tinha conquistado uma certa segurança diante do seu posicionamento, isso quer dizer que não precisava ficar vestida de mocinha o tempo todo ou de hiponga, porra-louca. Assim, o importante era ter conforto, então as roupas largas, malhas, moletons entraram com tudo, as silhuetas nem sempre se sobressaíam, então, a sensualidade vinha através de outros apelos: ombros de fora, os bicos dos seios marcando a camiseta surrada...
Nessa mesma onda, reinaram os looks masculinos, maravilhosos, com batons bem vermelhos e unhas da mesma cor, pontiagudas de mulher perigosa, para quebrar um pouco do preto e do branco, que predominavam. Acho isso bem legal, porque refletia essa segurança na sexualidade feminina, que não precisava parecer obviamente mulherzinha-barbie-cor-de-rosa. Era legal provocar, ser agressiva, poder ter o controle, a mulher não precisava ficar pronta pra ser seduzida sempre, ela podia também seduzir. Sei que tá parecendo texto de revista Claudia, mas gosto de ficar observando essas coisas.
Sempre interpreto os anos 70 como uma busca pela Arcádia, acho que são muito bem definidos por aquela música: "eu quero uma casa no campo..." Já nos anos 80, tudo era muito urbano. Era super in morar num loft, numa metrópole, andar de Caloi 10, praticar esportes, ou, sei lá, ser yuppie, trabalhar engravatado e ir a vernissages à noite, com camisas abotoadas até o último botão. Ninguém ia a academias nos anos 70. Nos anos 80, nem todo mundo ia a academias para fazer musculação (que era praticamente sinônimo de alterofilismo), mas as pessoas faziam ginástica (nem sei bem o que podia ser isso), jazz (na onda Flash Dance)... As roupas passaram a ter um viés esportivo muito forte, como os moletons (que já mencionei) cinzas super básicos, e também as cores fortes, inclusive para os homens, e materiais mais modernos e com tecnologia, como a lycra e o nylon, além de faixas na cabeça e punhos de jogar tênis.
É ou não é?

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Me deu vontade...




Blade Runner Waltz - Paulo Leminski

Em mil novecentos e oitenta e sempre,
ah, que tempos aqueles, dançamos ao luar, ao som da valsa
A Perfeição do Amor Através da Dor e da Renúncia, nome, confesso, um pouco longo,mas os tempos, aquele tempo,
ah, não se faz mais tempo como antigamente
Aquilo sim é que eram horas, dias enormes, semanas anos, minutosmilênios,e toda aquela fortuna em tempo
a gente gastava em bobagens, amar, sonhar, dançar ao som da valsa,
aquelas falsas valsas de tão imenso nome lento
que a gente dançava em algum setembro
daqueles mil novecentos e oitenta e sempre
Hoje, sonhei com meu irmão, Ita. Foi tão real sua presença.

The Pretenders



Eu nem sei o que digo. Tenho me sentido como uma adolescente descobrindo coisas - aquelas que estão especialmente a meio palmo do nariz. É lógico que já conhecia Pretenders. Lembrava de alguns hits mais conhecidos, já tinha até o clipe do Don´t get me wrong gravado. Meu chefe me emprestou três dvds e eu estou completamente stoned! Chrissie Hynde não é só uma cantora, ou guitarrista ou mulher, ela é um ícone, uma representação dela própria, com seu style, totalmente cool. Uma Rita Lee universal, dançando muito suavemente com seus cotovelos, singing the blues. Aí, quando você acha que tudo (que ainda é muito pouco) que você descobriu já te deixa completamente extasiada, você fica sabendo que ela já morou no Brasil (há pouco tempo, em 2004), que adora São Paulo e que até tem um apartamento no Edifício Copam, pode uma coisa dessas?

Ver e imaginar Chrissie Hynde me dá cada vez mais vontade de ser menos ordinary...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Não consigo tolerar a intolerância!

Meu lado mulher é gay


Segundo o André, meu mordomo, se eu fosse homem, seria travesti. Ai. Isso não é maldade. De fato, meu gosto musical é todo envolvido de uma trilha considerada gay: Pet shop boys, Erasure, Depeche mode, Annie Lennox, Madonna, Duran Duran e tantos outros, que me fazem querer saltitar e rebolar (por favor, machões, se esses citados lhes aprouverem, não se acanhem, todo mundo tem que se soltar um pouco...). Eu adoro toda essa influência em minha vida. Sonho em descer uma escadaria, com vestido longo, representando Letal ("tu espirito, tu estilo..."), cantando: "recordarás nuestros dias felices, recordarás el sabor de mis besos...". Ou, quem sabe, dublar a Barbra Streisand... Ou mesmo decorar as falas do Agrado: "porque soy mui autentica!"
(Acho que não terminei, mas vou postar assim mesmo...)

Love is a spark lost in the dark...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Reunião dos jogadores de bingo


Ai, pá, estou rindo à toa, como diz a letra da música daquela sumida banda de forró ao estilo universitário (adjetivo que nunca compreendi). Sim, me ventam os cabelos. Sim, me causam choques a eletricidade violenta do ar. Sim, as janelas fazem amor explícito de madrugada. E eu me rio. Eu, já era hora, levanto o volume do som do carro. Eu, que nem reclamei do jejum de hoje de manhã, embora o marido comesse pão fresco com creme de queijo, exibidamente, em minha frente, estou com cócegas no nariz. Eu, que nem bebi cerveja para não atrapalhar os exames dos constragedores potinhos de plástico, quero rir, fazer careta para os pedestres, quero voltar a ser a Maúra, quero abrir a geladeira, quero deitar na cama, quero usar meias, quero que mexam carinhosamente em minha orelha... ai, Schmetterling in meinem Bauch... finalmente não haverá somente a secura, o céu preto e a longa estrada.

É melhor ser alegre que ser triste


Ela quer rir. Ela quer descer uma montanha rindo feito uma idiota!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Soft 1


Quando eu era criança, minha mãe, quando ia pentear nossos cabelos, segurava firme em nossas bochechas. E aquilo incomodava, até doía um pouco, então a gente tentava sair, não parava quieto. E quanto mais tentávamos, mais ela segurava e apertava as bochechas. Muitos anos depois, descobri que minha mãe achava que não queríamos pentear os cabelos, ela não sabia que o que incomodava era o segurar as bochechas, e não, pentear os cabelos, por isso ela segurava tão firme.

Ilustrando




segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Adriaaaann!!!




Me desculpa, gente, mas o Rocky VI não é lá grandes coisas... Quer dizer, pra quem viu todos os outros, não há problema algum, pelo contrário, mas... Agora, gostei muito da atuação do cachorrinho Punchie, com seu moletonzinho cinza a caráter... (ao som da lendária música de trompetes e balanço bem anos 70)

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

ferro véi....., é hoje!

Eu sou aquela ali, ó.



Shadows grow so low before my eyes...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007


Maúra, você por aqui?
você tem dor de cabeça?
você tem dor de cabeça?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Rainer Fassbinder


Fassbinder, um grande cineasta alemão, que viveu entre 1945 e 1982, cuja obra, reconheço, preciso conhecer, disse algo que achei muito interessante a respeito da interpretação dos atores:

"Nunca entraria na minha cabeça ensaiar diferentes entonações. Não há coisa que eu odeie mais do que imitações. Não quero mostrar nada mais, numa situação, do que aquilo que o ator nela vê. Prefiro que o ator seja idêntico a si mesmo, fique sendo ele próprio, a deixar que eu lhe imponha uma interpretação".

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

ne me quitte pas


O filho pródigo retorna à casa. Se aproveita de um momento de pouca lucidez do pai e se põe a deitar e rolar em sua cama. Suas luvas brancas se afundam no branco do algodão. Vem manso, finge que ninguém o espreita. Se exibe para seus pares, dança para agradar o espírito da clareira do Xingu. Agora, mais um membro da dinastia, entre puros e bastardos, chegou para ficar.

Assim falou Zaratrusta

E terá de dormir na mais dura e mais feia das pedras!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Five dollars milkshake


MIA

Marsellus said you just got back from Amsterdam.

VINCENT

Sure did. I heard you did a pilot.

MIA

That was my fifteen minutes.

VINCENT

What was it?

MIA

It was show about a team of female

secret agents called "Fox Force

Five."

VINCENT

What?

MIA

"Fox Force Five." Fox, as in we're

a bunch of foxy chicks. Force, as

in we're a force to be reckoned

with. Five, as in there's one..two

..three..four..five of us. There

was a blonde one, Sommerset O'Neal

from that show "Baton Rouge," she

was the leader. A Japanese one, a

black one, a French one and a

brunette one, me. We all had

special skills. Sommerset had a

photographic memory, the Japanese

fox was a kung fu master, the black

girl was a demolition expert, the

French fox' specialty was sex...

VINCENT

What was your specialty?

MIA

Knives. The character I played,

Raven McCoy, her background was she

was raised by circus performers.

So she grew up doing a knife act.

According to the show, she was the

deadliest woman in the world with a

knife.

But because she grew up in a

circus, she was also something of

an acrobat. She could do

illusions, she was a trapeze artist

-- when you're keeping the world

safe from evil, you never know when

being a trapeze artist's gonna come

in handy. And she knew a zillion

old jokes her grandfather, an old

vaudevillian, taught her. If we

woulda got picked up, they woulda

worked in a gimmick where every

episode I woulda told and old joke.
Pô, ninguém vota na enquete que eu criei!!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Com PJ Harvey


Nick Cave - a bad seed


O cara expressa o dark, o underground, com as cordas cálidas do celo, a voz crua, os acordes de piano, o ritmo discreto da bateria. Branco. Esguio. Os olhos e a bocam se destacam em seu rosto pálido e fino. Aí, você pensa que ele deve ter vindo de algum subúrbio londrino mofado e frio, ou de algum buraco dublinense esquecido. Não. Ele veio da quente e árida Austrália dos cangurus e koalas, já morou no Brasil e já foi casado com uma brasileira, com quem tem um filho - cenários alegres e iluminados...

Haja

hoje

p/ tanto

hontem.


P. Leminski

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Eu sei que fico fazendo listas. Mas acho legal encadear vários quadros-sensação, proporcionar uma seqüência de slides na cabeça.
Se alguém estiver achando ruim... aí, eu faço outra lista de sugestões...

terça-feira, 31 de julho de 2007

Não está sendo fácil...


Luan e Vanessa. Emílio Santiago. Rosana. Beto Barbosa. AGP. Benito di Paula. Joana. Banda Reflexus. Kátia. Biafra. Fábio Júnior. Rádio Táxi. Ritchie. Carla Daniel. Dominó. Polegares. Conrado. Vanderléia. As Marcianas. As patotinhas. Patrícia Marx. Luis Caldas. Robertinho do Recife. Srajane. Cid Guerreiro. Massadas e Michael Sullivan. Sandra de Sá. Kaoma. Verônica Sabino. Afrodite se quiser. Sidney Magal. Roupa Nova. Yahoo. Tetê Spíndola. João Penca e seus Miquinhos amestrados. Os inimigos do rei. The fevers. Marquinhos Moura. Wilson e Soraia.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A palavra mais difícil?
Paralelepípedo.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

eros uma vez

Mais uma vez: falo. Falo sobre essas formas que se mostram e escondem, em suas intermitências, mais do que óleos, olhos, mucos e carrapatos. Esses tentáculos que insistem, esses dedos-braços, mão-boba, de quem quer-não-quer ver, querer tocar, como criança em exposição (mesmo que lhe ralhe a professora), me fazem pensarte.

Como diria o Villar, mas com tarja preta: essa mulher gosta de um pênis! (Um não, milhares...)

terça-feira, 24 de julho de 2007

abluesada


Rir pra não chorar. Minha alma canina se revira de barriga pra cima, com uma fileira de peitinhos e o nariz para o sol. Não é hora de achar que vida de cachorro não presta, quando se pode comer amoras o dia inteiro, caçar calangos, dormir à sombra e enrigecer as orelhas para escutar tudo que essa gente não escuta. Voilá!!

segunda-feira, 23 de julho de 2007

a escola é a luz que ilumina o caminho da gente

Amigo, companheiro de colégio
Hoje eu canto com alegria
Por de novo te encontrar
Nas férias, eu brincava todo dia
Mas no fundo o que eu queria
Era mesmo estar aqui

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Hoje, não direi nada.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Atolada, no bom sentido

Não é tema de funk, é que estou muito atarefada aqui na vara (quanto trocadilho!). Talvez, hoje, só amanhã!

segunda-feira, 16 de julho de 2007

"Só um chocolatinho..."


Arroz, feijão, macarrão, extrato de tomate, pizza, quiabo, rizoli, croquete, mamão, abobrinha batida, carne moída, taioba, lasanha, arroz de forno, sardinha, rocambole, canjica, arroz doce, chá de funcho, leite gordo, canela, cravo, cebola, pimenta do reino, alho amassado, carne de porco, pimenta bode, gelatina, geléia de mocotó, frapê, flan, iogurte, cenoura, bolo de chocolate, brigadeiro, calda, manjar, maria mole, suspiro, algodão doce, sorvete de creme, castanha de caju, azeitona preta, limão, sal, salcinha, estragão, café, bala soft, bolo de aniversário com glacé gordo, abacaxi, baré cola, limonada, caipirinha, moqueca, frango xadrez, alecrim, jurubeba, cebolinha, cheiro verde, pickles, creme de leite, leite de côco, goiabada, bolacha champagne, doce de leite ninho, ovomaltine, biotônico fontoura.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Segunda-feira


Transcrever para todos os lugares

sílabas tântricas

como a jaguatirica

Ser não ser de manhã

veneno súbito

ardil argila úmida

Segunda que é Primeira

sem gozo sem suor

Inclinação

Música de mim sem saber

chacina do querer

torpe ilusão

O meu piscar tão lento

um sem sentindo no meu script

E vou ficando aqui na teia do meu

vagar

sensação



Maíra Selva 23/04/07

quinta-feira, 12 de julho de 2007

para os ausentes


God only knows - David Bowie


If you should ever leave me

My life would still go on believe me

The world could show nothing to me

So what good would living do me

God only knows what I'd be without you

I may not always love you

But as long as there are stars above you

You'll never need to doubt it

I'll make you so sure about it

God only knows what I'd be without you

God only knows what I'd be without you

If you should ever leave me

My life would still go on believe me

The world could show nothing to me

So what good would living do me

God only knows what I'd be without you

God only knows god only knows

God only knows what I'd be without you

God only knows god only knows

God only knows what I'd be without you

God only knows god only knows

God only knows what I'd be without you

quarta-feira, 11 de julho de 2007

inventando verdades

Tá realmente difícil arrumar uma brecha pra escrever algo. Não que as coisas não fiquem rondando minha cabeça, é falta de tempo mesmo, muito trabalho (no momento, 16 mandados de segurança estão sobre minha mesa - não contem pra ninguém...).

Queria ter podido comentar com toda a propriedade merecida a entrevista que vi no especial do Roda Viva do FLIP, na segunda-feira, com Guillermo Arriaga, escritor mexicano e roteirista de Amores Brutos, 21 Gramas e Babel. Cara realmente muito inteligente, com a sensibilidade necessária para fazer o que faz, sendo ainda homem e pai de família. Ele falou, entre várias coisas interessantes (a perguntas muitas vezes não tão interessantes), que ele é um escritor de ficar maturando uma idéia por anos e anos. Contou que quando tinha 12 anos e foi caçar no deserto com seus amigos, tinham um rifle em mãos e leram em sua caixa que os tiros alcançavam uma distância de 5 milhas. Um dos amigos duvidou e queria atiram rumo aos carros, pra ver se realmente acertava. Guillermo disse que, por Deus, não tentaram, mas aquilo ficou em sua cabeça por todo esse tempo - o que acabou virando parte da trama de Babel (perdão se estou estragando alguma coisa pra alguém que ainda não assistiu...).

Fiquei pensando sobre isso: como uma imagem pode se fazer tão real em nossas cabeças ao ponto de perturbar. Quando somos crianças, esses traumas são tão grandes por termos sugerido algo terrível para nossas cabeças, que não conseguimos esquecer, mesmo sem termos feito qualquer coisa. A culpa também pesa bastante, ouvimos as vozes dos nossos pais, professores nos repreendendo.

Uma mesma passagem sobre isso, mas, de maneira mais cômica, está em Antes do pôr-do-sol, quando a Celine (Julie Delpy), entre as várias conversas durante todo o filme, conta que, quando ela era pequena, sua mãe era tão preocupada por ela voltar à noite sozinha da aula de piano, que dizia que era pra ela tomar cuidado com os homens que ficavam em certa rua a mostrar seus pênis, para passar medo na filha. No filme, Celine conta que de tão neuróticas que eram aquelas afirmações da mãe, que, até hoje ela não sabia se as imagens que ela tinha na cabeça desses episódios eram apenas fruto de sua imaginação, ou se realmente os teria visto alguma vez mostrando seus cocks pra fora.

terça-feira, 10 de julho de 2007

dentro e fora

Autobiográfica. Úmida como a pele da rã. Pulmão do lado de fora. Vou aqui com essa minha cara de terça-feira. Até amanhã, meus doces bárbaros.

frase do dia

Não jogar pérolas aos porcos. Porém, muitas vezes, é só o que temos para dar.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

ilustrando por Almeida Júnior


alma de caipira

Domingo pe-de serra. Taquaruçu, agora reconhecidamente com seu ç, é distrito de Palmas, mas é outro mundo. A começar pela temperatura - que é uns seis graus a menos do que lá em baixo... sério! Festival gastronômico, não muita variedade, mas com um beju com queijo delicioso, que ganhou terceiro lugar.

Renato, Chico, João Teixeira. Pai e filhos. Cantando de graça e de pertinho.

"Amanheceu, peguei a viola e fui viajar...". E que vontade de viajar pro meu sertão, meu cerrado de São João, fogão pra botar lenha e banana pra aquecer.

"Eu conheço todos os sotaques...", principalmente, mergulhada nesta Babel acá, gente de tudo quanto é lado, nem tanto mineiro, pra compartilhar a língua arrastada, que não é de preguiça, mas de zelo, de curtição de cada "erre", pro netinho, pra visita escutar bem atenta ao causo, ao que se dá discussão - "põe sentido!!".

Renato Teixeira é só aquele que vc acha que já conhece. A impressão minha e do meu marido: ele parece seu pai... Não sei, acho que é a pouca distância que ele coloca entre ele e o público. Com seu cigarrinho de palha na algibeira. Parece alguém de casa, conhecido e fala a linguagem que o povo sabe e gosta, aquela do coração. Passei o show inteiro me arrepiando, não do frio, mas da minha alma acesa, precisando de mais fogo e quentão. Minha alma de caipira.

A caipirice é uma coisa tão empregnada e indelével, graças a Deus, que não adianta o que vc venha a fazer da sua vida, pois ela irá te acompanhar. Felizes daqueles que sabem harmonizar em si essa erudição dos mais calmos e pacíficos com o andar da vida, daqueles que, como meu avô, têm a sabedoria de olhar tudo muito devagar, de canto de olho, enquanto morde o bigode a matutar. Felizes daqueles que sabem ser felizes sendo caipiras.
Fiquei ali pensando o quanto a saudade é um sentimento que define o caipira. A saudade acompanhada da melancolia. Saudade da roça quando se vai pra cidade. Saudade da morena da cidade, quando se volta pra roça. A cantiga do anu, o sol brilhando no cascalho, o barulho seco da enxada, a estrada longínqua que se esvai na miragem do calor... É o menino com as marmitas do almoço que não chega, é o filho que foi estudar na cidade e não chega, é os homi que foram atrás de algum animal escapolido e não chegam... A minha caipirice se vê no enxergar a estrada e não ver nada, só o próprio pensamento.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

seção dos utensílios domésticos


Há muito o que se refletir sobre a cozinha. Não estou falando só de cheiros e gostos, mas sobre o conceito "cozinha" no Brasil. Sobre asseio e zelo, que são mais importantes na cozinha do que em qualquer outra parte da casa. Me fale o que é essa cisma com panos de prato, forrinhos e até as famosas capas para botijão de gás, liquidificador e, é verdade, até pro computador (que não fica na cozinha, mas que foi engolido pelas capas).

Na minha terra, os forrinhos são muito importantes. É necessário um emprego significativo deles, já que custam trabalho das "veinhas" e das tias e das avós. É importante dar importância a eles. Por isso, eles estão nas estantes torneadas e escuras da sala (talvez hoje substituídas pelos hacks, ou racks, hacker? como é que fala isso mesmo?), sobre a televisão, sobre o rádio, sobre a geladeira e, incrivelmente, dentro da geladeira, para enfeitar cada prateleira.

Ai, que saudade de me entreter no sofá com as bolinhas do croché da almofada, ou com aquele pom-pomzinho que tinha na ponta... (Sem malícia, senhores, por favor, isso aqui é uma casa de família...)

frase do dia

Bem aventurados aqueles que lêem as frases de pano de prato...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

frase do dia

Sabendo que era impossível, ele nem foi lá pra não perder tempo...

terça-feira, 3 de julho de 2007

Melancolia de Munch



vinhos, torradas e patezinhos


Na verdade, me falta um pouco de preguiça, no momento, pra falar com propriedade a respeito do tema. Também, não será a única vez. Talvez outras oportunidades preencham alguma falha. Mas a questão é que, apesar de ser uma advogada, disfarçada entre os códigos e leis secas, sempre fui simplesmente fascinada pelas artes plásticas. Quer dizer, gosto de todos os ramos da arte, mas estou falando especificamente das artes plásticas. Graças a Deus e a minha criação, convivi bastante com artes. Fui a vários museus e vernissages, e tinha a cara de pau de emitir opiniões. Hoje, me sinto, infelizmente, meio afastada. Onde moro, fica difícil se sentir emaranhada do que anda acontecendo.

Sinto falta dos vernissages, mesmo que a maioria vá lá pra beber vinho de graça ou pra se exibir nos seus "oclinhos" de aro preto, suas roupas pretas, seus sapatos de bico quadrado... Mas não me importo, porque não é só isso que existe. Há o que se vê (o que se vê e o que nos olha). E, muitas vezes, não há nada.

Pra variar, estou sendo nostálgica e meio redundante...

Bom, ao longo do tempo, vou anexando imagens de artistas de que gosto. Nem sempre é fácil encontrar algumas coisas contemporâneas. Mas... é isso aí... Vamos viajar?

The walking man

É engraçado como a verdade assusta. O último livro sobre o Leonilson chama-se São tantas as verdades. Há quem possa dizer que não é o último, mas, talvez, tenha sido o último para o qual ele realmente tenha contribuído, com entrevistas e tudo, antes de morrer. Estou com este alfinetezinho na mão, porque fico de saco cheio de pseudo artistas contemporêneos, que não sabem nem quem foi (ou é) Joseph Beuys...
Me desculpem a rispidez logo de manhã, talvez seja o áspero da terça-feira.

eu não sei se tem cura

essa vida essa mea culpa

viver de dia

chorar de noite

sair ao vento

só de galope

se entregar de relance

aos vales da morte


Maíra Selva 20/05/07

segunda-feira, 2 de julho de 2007

ainda em fase de teste

Segunda-feira vestida de negro. Dentro dos prédios com ar condicionado pode. Muito sono e cansaço, depois de mais de cinco horas de concurso no domingo.
Aqui em Palm Beach é a época do vento. Na minha terra seria em agosto - e um pouco menos violento.
Sexta-feira passada sonhei que comia doce com queijo mineiro e me transportei pra uma rua que não existia (talvez, só no tempo). Acordei com aquela ausência na boca. Pra compensar, fiz frango com açafrão e cheiro verde, molhinho de chuchu e jiló (não tão verdinho, é verdade...).
Meu dia-a-dia aqui não tem palha nem fogão de lenha. Nem arroz com suã. Tudo é meu pensamento e minha brincadeira de falar minha língua. E assim, vou sonhando sem querer, inventando máquinas e máquinas do tempo.
Deixa eu esquecer de tudo e trabalhar...

Black Dahlia


Ontem. Até quase 1:00. O filme tem duas horas de duração. Auto-considerado "noir film". Sim, as ambientações são fantásticas, figurinos, todo o mood é fantástico, mas.... fico me achando meio burra pra esse tipo de filme. Demoro muito a entender a trama, quando entendo. Na verdade, detesto filmes que, no final, vem um personagem e explica tudo. Mas, Scarlett Johansson sempre vale a pena, em qualquer figurino e sempre com um cigarro à boca.

começo

Vamos tentar. Não vou dizer que serei assídua, mas, quando escrever, pretendo fazê-lo com prazer.