domingo, 28 de dezembro de 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FALL IF YOU WILL, RISE IF YOU MUST.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Lado A

Heart soundtrack

1. Get it while you can – Janis Joplin (para Valéria)
2. Coming around again – Carly Simon (para Kássia)
3. Build – The Housemartins (para Raoni)
4. Rocketman – Elton John (para Ita)
5. Gimme love – George Harrison (para Branca)
eu quero uma casa de vidro, em que, estando-se de dentro, pensa-se estar do lado de fora. dentro-e-fora, com a folhagem me engolindo de noite e de dia.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEELP......

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

suedehead - morrissey

Why do you come here ?
And why do you hang around ?
I'm so sorry
I'm so sorry

Why do you come here
When you know it makes things hard for me ?
When you know, oh
Why do you come ?
Why do you telephone ? (Hmm...)
And why send me silly notes ?
I'm so sorry
I'm so sorry


Why do you come here
When you know it makes things hard for me ?
When you know, oh
Why do you come ?
You had to sneak into my room
'just' to read my diary
"It was just to see, just to see"
(All the things you knew I'd written about you...)
Oh, so many illustrations
Oh, but
I'm so very sickened
Oh, I am so sickened now


Oh, it was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay
Oh
It was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay
Oh, it was a good lay, good lay
Oh
Oh, it was a good lay
It was a good lay
Oh, a good lay
Oh, it was a good lay
Good lay, good lay
Oh
It was a good lay
It was a good lay
eu detesto quem nao se lança, quem nao tem coragem, quem nao se permite. a idéia é essa: quem nao se permite.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

o que eu faço com a raiva, a minha raiva? nao posso disfarçá-la... quer dizer, talvez, de fora, sim, mas nao aqui dentro. o que fazer? as pessoas têm essa resposta?
eu quero esmurrar, quero lançar um bastão de baseball na cara de certas ou certa pessoa. até imagino a cena. os dentes sendo arremessados pra fora da boca... que sórdido... but it does feel good...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

suficiências

you´ve already won me over
inspite of me
and don´t be alarmed if I fall
head over feet
and don´t be surprised
If I love you
for all that you are
I couldn´t help it
it´s your fault


I´m brave but I´m chicken shit
I´m sick but I´m pretty baby (...)
´cause I´ve gotta one hand in my pocket
and the other one is fickling a cigarette

and everytime you speak her name
does she know how told you´d hold
until you die
til you die
but you´re still alive

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A moça chegou. Cabeça baixa. Violão cello. Tênis baixo sem meias. Se sentou na carteira surrada de escola, do meu lado, brincando de apoiar as pontas dos pés no chão. Cabelo preso. Depois solto. Mãos pequenas. Não, finas. Mãos finas. Como é que ela fazia pra tocas as cordas com aquelas unhazinhas?
Nervosismo. Foram chamando um por um. Uma demora. Pensei em puxar assunto. Mas não queria atrapalhar aquele rito de concentração, por mais peculiar que fosse.
Eu não fumava, não roia as unhas. Como combater a minha compulsão, sem vontade de fazer nada?
Olhei as plantas. O chão de cimento grosso. As plantas eram velhas, de verde-escuro velho, mais denso e escuro de dia nublado dessas manhãs conhecidas. As plantas deviam ser o xodó de alguma faxineira.
Alunos. Janelas. Xerox. Silêncio. Pássaros. Carros de longe.
Chamaram mais um. Mas não vi voltar ninguém.
A moça do violão cello cruzou as pernas. Olhava longe. Não mexia o pescoço. O tornozelinho tão pequeno aparecendo por aquele buraquinho sem meia.
Resolvi dar uma caminhada, fingindo me interessar pelas plantas, tocando, no bolso, o troco do ônibus. Chamaram a menina. Olhei pra trás, entendi que era ela, mas não deu pra ouvir o nome, só uma sonoridade familiar de dois sobrenomes.
Lá de longe, vi que ela saiu. Andava tão adolescente, meio desritmada, braços longos de menina. Não era um sorriso, era um canto, um pedaço, uma coisa de olhar pra baixo, mas querer olhar pra cima, e o pescoço se inclinava nesse movimento. O peso do case parecia não incomodar. Vi ela passar. Agora, confiante, mais desinibida, me deixou que os olhos sorrissem. Tudo foi lento.
A espera já não era tão mais longa.

sábado, 22 de novembro de 2008

"you can´t change the way she feels
but you can put your arms around her"
(blank)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

dolores by Dolores

“there´s no need to argue anymore
I gave all I could and you left me so sore
And the thing that makes me mad
Is the one thing that I have
I knew, I knew I´d lose you
You´ll always be special to me, special to me, to me
And I remember all the things we once shared
Watching tv movies on the living room
Arm chair (…)”

“´cause if I died tonight would you hold my hand
would you understand”

“why can´t you stay here a while, stay here a while, stay with me
all the promises we made
all the meaningless and empty words I spoke”

“and I´ll miss you when you´re gone
that is what I do
baby, baby, baby”

“Disappointment you shouldn´t have done
You couldn´t have done
You shouldn´t have done
The things you did then
And we could´ve been happy
What a piteous thing, a hideous thing
Was tainted by the rest”
Eu sonho alto, eu sonho altíssimo. Um dia, se alguma mancha preta no céu lhe atrapalhar a secagem das roupas no varal, pode saber que sou eu, pode abanar a mão, que sou eu lá em cima.
me proibiram de amar, bateram-me a porta na cara, assim, sem avisar, nem nada. cheguei atrasada, fui de ônibus, fui correndo, cheguei de sapatinhos molhados e encontrei tudo fechado, portas, janelas, tudo, ninguém nem pra avisar, nem pra ligar antes avisando...

chão - reborn

não faça nada, não me aponte o dedo, não aperte a ferida, deixa eu sofrer em paz. é o só o que eu peço, não é só o que eu pediria, mas, sem restar nada, é a única fresta que me deixa.

no programa de computador, você vai lá, implanta qualquer coisa ou desimplanta qualquer coisa pra esquecer. e você esquece. mas todo amor de verdade, como essas ervas daninhas mais chulas, chucras, renascem, podem tomar conta de novo, então, você nao relembra, você reama, você ama de novo, porque é a mesma pessoa amando a mesma pessoa.
nem se isso fosse verdade (brilho eterno...), nao me satisfaria, porque nao é seguro, como eu já disse acima, mas será que ia aliviar? se eu esquecesse, apagasse, pelo menos, todas as memórias (mas o que ia sobrar?)?
no trem de ferro, durante a viagem, embaçando a janela com o hálito sem querer, depois, percebendo, e me divertindo, a neve lá de fora, intacta, só o trilho recortando, você sentou atrás de mim, você chamou antes a atenção, com malas afoitas (e você também), quase que você perde o trem, sentamos sem querer no vagão de fumantes, eu e você, e isso iniciou os comentários que viraram conversa e te relembrei sem saber, te readmirei de mãos e gestos o dia era cinza, você, não, você me chamou a atenção. você foi virando o meu reamor.
HOJE MORRI DE NOVO. NAO SEI SE VOU VOLTAR...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bitte geh nicht fort (Ne me quitte pas)

Bitte geh nicht fort
Was ich auch getan
Was ich auch gesagt
Glaube nicht ein Wort
Denk' nicht mehr daran
Oft sagt man im Streit
Worte, die man dann
Später tief bereut
Denn ich weiß genau
Ohne dich, da wär'
Jeder Tag so grau
Wär' mein Leben leer
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bleibe nah bei mir
Gib mir deine Hand
Ich erzähle dir von dem fernen Land
Wo man keinen Zorn, keine Tränen kennt
Keine Macht der Welt Liebende mehr trennt
Wo die Sonne scheint fast das ganze Jahr
Wo die Rosen blühen schon im Januar
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geh nicht fort
Laß mich nicht allein
Wenn du mich verläßt
Stürzt der Himmel ein
Laß uns so wie einst
Stumm am Fenster stehn
Traumverloren sehn wie die Nebel drehn
Bis am Himmelszelt
Voll der Mond erscheint
Unsre beiden Schatten
Liebevoll vereint
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geht nicht fort, bitte geh nicht fort
Glaube mir, ich werd' deine Sehnsucht stillen
Werd' dir jeden Wunsch dieser Welt erfüllen
Werde alles tun, was ich hab' versäumt
Um die Frau zu sein, die du dir erträumt
Du mußt mir verzeihen, ich beschwöre dich
Laß mich nicht allein, denn ich liebe dich
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geh nicht fort
Was ich auch getan
Was ich auch gesagt
Glaube nicht ein Wort
Denk' nicht mehr daran
Oft sagt man im Streit
Worte, die man dann später tief bereut
Denn ich weiß genau
Ohne dich, da wär'
Jeder Tag so grau
Wär' mein Leben leer
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort
Bitte geh nicht fort, bitte geh nicht fort

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Há uma dor, um peso aqui no meu peito que parece maior do que qualquer coisa. A mão de um gigante depositada. Não dá pra chorar. Evito esmurrar as paredes como já fiz antes. Não é coisa de mulher maltratar as próprias mãos, surrando seres inanimados.
No carro, a música inspira, tento trocar de rádio, tento mudar de estação, mas qualquer coisa é prato, é assunto de você. Vejo sinais o tempo todo, vejo todos os sinais. Só não vejo você. Eu tenho vinte e oitos anos, sou mulher feita, tenho medo de pouca coisa, acho que sou respeitada e não sou sombra de ninguém, mas você, você ganhou o primeiro lugar, você já ganhou o troféu – ninguém, nunca, me fez sofrer tanto.
E isso me faz vontade de bater em alguém, de gritar, de sacudir e perguntar “o que você quer?” Você não me dá o suficiente, nem o mínimo, nada, nada. Não dá pra ser de ferro. Agüento os trancos, vou agüentando, vou engolindo, escondo tudo o que me interessa pra debaixo de alguma moita, algum arbusto, vai sendo suficiente, à custa de algum nó, mas vou conseguindo. E eu? Eu com você sou uma mulher que apanha do marido, depois se molha lavando as roupas dele, fazendo o que lhe prefere, lhe reservando o pedaço preferido do frango. O que os outros fazem com você você faz comigo. Você me bate e eu apanho. Calada, num canto mofado de parede. Não faço nada, só sofro, só choro escondida sobre o chão de vermelhão, mordo os lábios, com medo do filho perceber. Você é a mais masculina violenta das pessoas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Hoje eu matei aula. Fiquei em casa. Tava nublado de manhã. Fiquei descalça. Fiquei de pijama. Comi. Abri a geladeira. Pensei em escutar Cazuza, mas deixei pra lá. Não tinha pra quem ligar. Fui ver o cachorro lá de fora. O olho doía no sol abafado de novembro. Goiaba molhada – tinha chovido. Zanzei, não fiz nada. Vi apenas o vazio de quem não estava. Olhei as gavetas, a gravata, a bagunça, o cheiro do lençol, a dispensa cheia de terras, os quartos, a poeira, roupas quase mornas de corpo ainda, o mármore frio da mesa da cozinha, a sala descuidada, as folhas pingando gotas de água, barulho de carro na rua, tinha chovido. Chinelos. Joelhos. Fiquei sozinha, fiquei na espreita, me olhando de fresta, surgiu nada, quis nada, não sei que manhã mais longa de desperdiçar um ócio...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

a foto amassada no bolso, fina de tanto tato suado de mão. levemente curvada, em formato de carteira, bolso. preto e branco. era de lambe-lambe. ainda existia lambe-lambe. na praça. toda hora ele pegava a foto, com cuidado, olhava, como um rosário dentro do bolso. aquilo, aquele calvário, aquele praticamente ritual fazia-o sofrer e pensar como sofria. aquilo foi durante a viagem inteira. começava e recomeçava.
o que eu tinha visto foi de rabo de olho, curiosidades.
lá pelas tantas, com um pouco de suor na testa e sulcos estáticos na face, ele me apontou, me mostrou, mas nao disse nada. duas crianças na frente, uma menor do que a outra, menino e menina. atrás, uma mulher, um homem. moletons. jovens. pequeno curto cenário de praça de metrópole, engolida por prédios enormes e cinzentos.
não deu pra ver se ele era aquele rapaz da foto, aquele pai novo, mas, responsável, ou se algum dia ele já foi.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

desagosto

Hoje, me pus a pensar sobre os destemperos do mundo. Todos eles. Principalmente os meus. Todas as perdas, as pessoas que se vão, as situações que se vão. Não há suficiência em qualquer possível válvula de escape. Qualquer tarde de pássaros e asfalto, qualquer cheiro de almoço vindo da calçada, qualquer doce, qualquer balcão, tudo que some, tudo que ninguém percebe – pouquíssima gente.
Fui ao banheiro me aplicar um remédio. Deixei a língua pra fora a gotejar saliva como se esvaísse em sangue. Todos foram embora, todos. Só sobraram os cotovelos a agüentar a mesa; eu, de barrigas e arrependimentos. Se houvesse o caminho, se houvesse volta... Que espírito me trouxe, me apartou dessa maneira definitiva? Galhos dentro de mim, fome, meu jeito não é de gente!, não tenho destinatários! Que desconforto de ser!
Se lesse, se fizesse, se agüentasse... Há muito não estou cabendo. Vou, ajo, trabalho e não faço nada, não grito mais pra fora, disfarço cantando dentro carro, mas qualquer curva me desconsola. Esôfago, traquéia, vias e náuseas: recados vindos dessa percepção.
O dia em que sobrarem meus ossos enterrados no chão, quero ver quem lembra, quero ver quem se incomoda, quero ver que esmola vai ser suficiente. Me dediquei demais a migalhas, fiz delas minha profissão. Não recomendo, mas, fora isso, o que há? Se de fora de mim houvesse um espelho – chamem do que quiserem –, o entendimento, mesmo que seco, mesmo que duro e petrificado, sem os leites que me adornam nessa loucura diária, sem os cachos vitrificados no meu desandamento, mesmo que salino, existiria. Existiria o entendimento, a compreensão e uma compaixão devotada, mas, e aí?, o que escolher? Mas não há escolha. Com qual das mãos ficar? Não há mãos! Há meu vício, escuso, inteiro, ferino, há minha automorte, minhas drogas de suicídio. Vou morrendo depois de uma grande viagem, a mais negligente de todas.

fevereiro 2008

Neste fim de semana alguém morreu. Cinco pessoas. Talvez mais. Três cachorros e mais três que enterramos. Plantas. Bichos. Calangos. Periquitos. Goiabeiras, pomar. Caixa de correio vazia. Sem cheiro, sem resposta. Grama. Um balanço de balançar. Tudo devagar e tudo de rompante, um golpe só, de ceifa. Mofo, barata. Roupas velhas. Sons de vento. Buraco de janela e céu de estrela ou de nada.
Não tenho torre, não tenho farol. Não queria escrever, não queria imaginar. Quero me retirar da lembrança dos outros, não quero ser lembrança.
De dia, no corredor. De noite, a fingir e procurar outras mãos. De vela, de sopro, de ossos que saltam pontiagudos a me espetar a carne. Mensagem sem ilustração. Tubos, fios, soro, transparência de recipientes constrangedores. Sem TV, sem meus discos. Sem trajetória. Só meus trejeitos a não enganar ninguém. Só esta voz que falha. Só o ácido. De viagem minha que vou e que fico. Areia a me entupir vísceras, veias e a respiração. Colo? Braços? Meus pés diminuindo no chão. Coração de Leonilson. Guache, pastel, carvão. Tomo banho e não encontro meu corpo. Sin. Sinner. Escuridão.

blind

O seu perfume ta sumindo, a nota de fundo desapareceu, há só um doce difícil de lembrar. Esconder de amor é horrível, esconder o seu é doloroso e impossível. Mas parece que é isso que você quer. Você vem me encontrar com elementos que me lembram, apetrechos, coisas que te dei, pra eu poder reparar, eu acho, mas o resto você deixa passar. Eu quero te dizer tudo, contar, como se você estivesse comigo naqueles momentos desprevenidos de chuva, na volta do Inglês, segurando mão na mão, quero os detalhes da conversa, como foi, como é, repetir a mesma coisa, tentando incluir um outro ângulo, mas esse seu jeito..., esse seu momento que sempre volta quando eu não estou..., suas manhas, seu mau humor, seu egoísmo de caçula...Que coisa! Que coisa!

you just keep me hanging on

Um dia, esqueceram de marcar no relógio, de anotar no calendário, um dia, foi o dia. Eu não sei bem se foi o dia em que, afetados pelo amargo da parafina descuidada, jogamos fora os ovos de páscoa da tia Cândida, ou se foi o dia em que chegamos de F-1000 no Prata, no replay da volta de Porto Alegre, ou se foi quando vimos a Esquadrilha da Fumaça no CAMARU, ou, então, quando eu e o Ita matamos aula em 1985 para ficarmos debaixo das colchas de madrigal, ou o Natal de 1987, ou o dia em que o Raoni voltou do hospital, com direito a brinde no almoço. Esse dia, não sei qual deles, esqueceram de marcar, esse dia foi o dia.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Em Brasília a vista alcança e vê, de longe, do longínquo, os monumentos de uma arquitetura Playmobil.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

parking lot

Ele me beija devagar e depois acelera, me beija de lábios, eu gosto, eu amo, eu adoro lábios (assim como essa palavra). Ficamos ali dividindo uma cumplicidade não sei de onde. Uma escondida e aparente, pra quem reparasse, mas estávamos tão ocupados em carinhos, que deu preguiça de pensar ou refletir sobre qualquer coisa, querer chegar a conclusões, essas coisas de psicanálise. E ele segurava minha mão entre a sua, a minha sumia, de tão pequena, ele segurava, fitava, como um refúgio, um jeito de conhecer meus dedos e, ao mesmo tempo, admirar. No meu colo ele deitava, apontava para onde queria que eu passasse a mão, e fechava os olhos e respirava fundo, e eu me ocupando de testas e cabelos. Que idade é essa, que idade de ficar dentro do carro, de pegar na mão, de abraçar forte como se aquilo fosse letra de música, como se fosse hora e pessoa apropriada em quem se acolher? Hoje eu não tenho quarenta, ainda, nem trinta, nem vinte e oito.
me jogaram pros leões..., direto na boca dos leões, e o pior é que eu gostei..., estou sendo devorada inteira, de manhã, de tarde, de noite, no inusitado...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

as imagens sumiram...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

celofane, crepom, machê, manteiga, jornal

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

meus ossos saltam pra fora como alfinetes, olho e me pareço com a menina pobre de meia-calça rasgada.

poema - cazuza e frejat

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Hoje acordei numa tremenda melancolia. Melancolia mesmo. Muitas vezes, a sensação que tenho é a de que estou sozinha no apartamento da Inge, onde fiquei assim por duas semanas, logo quando eu cheguei, tentando me preencher só da novidade e do que eu via, tentando fingir que isso fosse suficiente, sem alguém com quem rir, olhar e comentar. Sim, é uma sensação parecida.
Liguei o som do carro e ouvi a música do Klayton e Kledir “deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau...”e pensei, pôxa vida, se em 1983, eles já estavam cantando as saudades de uma Porto Alegre, que, talvez, já naquela época tinha ficado pra trás, o que sobrara pra mim, o que dizer hoje, então, já que 1983 é o meu próprio tempo Porto Alegre?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mais pra narrativa

Palmas. Mais de trinta graus. 04:55 da manhã. Acordo com o interfone. Era pra estar de pé às 04:00, já que teoricamente às 05:00 já era pra estar no aeroporto. Não tomei banho, não fiz nada, apenas penteei os cabelos e escovei os dentes. Remelas incomodando. "Guenta a mão aí, Ralph!", falei pro motorista. Voamos literalmente.
Durante o voô, estado de meio termo, meio acordada, meio dormindo, sem dar tempo pra refletir em tudo o que estava/está acontecendo.
Meu primo me pegou no aeroporto. 15 graus de manhã.
Fomos ao mercado, comprei coisas básicas de limpeza, sabe?, tipo, pra me instalar... Croissant também - não resisti, do Extra.
Cheguei, gente. E isso nem consegue ser só de uma vez em mim... Quanto tempo será que essa sensação vai durar? De qualquer maneira, já tenho telefone (depois passo por e-mail para as figuras...) celular, aquele que custa 59 reais que, segundo meu primo é o famoso pé de boi: além do casco, não tem nada...
Dirigi aqui, fui do Lago Norte até Águas Claras dirigindo o carro do meu primo... Assim, ainda muito matuta, mas, vamos ver...
Acapulco, here I am...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Acapulco, here I go!!!

sábado, 20 de setembro de 2008

a última gota

QUERO PROTEGER OS MEUS ÍNDIOS DESSA RAÇA DE ANTROPÓLOGOS!!!!
A antropologia, os antropólogos se ocupam mais em arranjar nomes pomposos e metidos a poéticos para intitular seus livros, do que propriamente com seu conteúdo. Poderiam dizer: e o que você conhece de antropologia? Conheço a minha implicância e conheço bem uma pessoa querendo o ser.
São uns playboys querendo romantismo, não querem cuidar do asfalto da sociologia, seus ranços fétidos e necessários, não querem acompanhar o papai, para ter que enfrentar a ciência política, ficam num meio termo. Acham que são filosóficos, mas não têm cacife e coragem de segurar a bunda na cadeira, de fitar a pedra, querem ficar tirando foto...
Ai, me chamem do que quiserem, mas, pelo menos, ainda há o Darcy Ribeiro, cuja obra se chama: O Povo Brasileiro. E só.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Eça

"A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da senhora D. Maria I : com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar−se−ia a um colégio de Jesuítas. O nome de Ramalhete provinha decerto de um revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do Escudo de Armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassóis atado por uma fita onde se distinguiam letras e números de uma data."

e coma todo seu cereal!

De manhã, eram sete horas. O vidro da janela bastante embaçado. O rádio ligado dava as notícias, com voz de locutor dos anos 60 e sotaque gauchesco, e a temperatura na Capital. Meu pai, a essas alturas de remelas de meninos relutantes em se levantar, já tinha enchido a bacia com água quente do chuveiro para que pudéssemos lavar o rosto sem maiores traumas. Ele arrumava o café, que podia ser mingau, ou algum leite requentado com gosto de geladeira, o que, no meu entendimento, era aquela reminiscência de melancia impertinente. Íamos espremidos na F-1000, roçando as fofas jaquetas de nylon. Os prédios perto da Praça de Shiga eram engolidos pela névoa, o portão do cemitério com gordas oferendas, os pneus deslizavam sobre a pedra úmida e rosada, no rádio do carro, pela Atlântida FM, REM ou qualquer coisa alimentando a minha ávida puberdade. Ele, depois do Plácido de Castro, poderia voltar para o apartamento, preparar-lhe um chimarrão, tentar esquentar os pés no aquecedor improvisado, encarar a teoria crítica e adentrar.
Alguns poderiam pensar como lhe rendia o tempo, se, ainda, ao meio dia, era hora de nos buscar na escola, e, talvez, na noite precoce do inverno portoalegrense, fosse também o dia de ir ao Zaffari, e que ainda havia a esposa antes dos trinta com quem se ocupar, além dos momentos de Instituto Goethe, de bicicleta no Parque Farroupilha, no Parque da Marinha ou nas várias praças que circundavam o apartamento na Ariovaldo Pinheiro. Sinceramente, não sei. Sei é que o bolsista do DAAD e aluno do programa de doutorado na UFRGS era também o full time daddy, que, em termos de ser um doutorando, fazia disso, pelo menos a nós, filhos, mais uma característica do que uma condição.
(suspiro...)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

If I could you know I would
If I could I would let it go

where do we go now but nowhere - nick cave


I remember a girl so very well
The carnival drums all mad in the air
Grim reapers and skeletons and a missionary bell
O where do we go now but nowhere
In a colonial hotel we fucked up the sun
And then we fucked it down again
Well the sun comes up and the sun goes down
Going round and round to nowhere
The kitten that padded and purred on my lap
Now swipes at my face with the paw of a bear
I turn the other cheek and you lay into that
O where do we go now but nowhere
O wake up, my love, my lover wake up
O wake up, my love, my lover wake up
Across clinical benches with nothing to talk
Breathing tea and biscuits and the Serenity Prayer
While the bones of our child crumble like chalk
O where do we go now but nowhere
I remember a girl so bold and so bright
Loose-limbed and laughing and brazen and bare
Sits gnawing her knuckles in the chemical light
O where do we go now but nowhere
You come for me now with a cake that you've made
Ravaged avenger with a clip in your hair
Full of glass and bleach and my old razorblades
O where do we go now but nowhere
O wake up, my love, my lover wake up
O wake up, my love, my lover wake up
If they'd give me my clothes back then I could go home
From this fresh, this clean, antiseptic air
Behind the locked gates an old donkey moans
O where do we go now but nowhere
Around the duck pond we grimly mope
Gloomily and mournfully we go rounds again
And one more doomed time and without much hope
Going round and around to nowhere
From the balcony we watched the carnival band
The crack of the drum a little child did scare
I can still feel his tiny fingers pressed in my hand
O where do we go now but nowhere
If I could relive one day of my life
If I could relive just a single one
You on the balcony, my future wife
O who could have known, but no oneO
wake up, my love, my lover make up
O wake up, my love, my lover make up

terça-feira, 16 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ilustrando




Não quero mais ser. Só quero voltar. Voltar pra um 85 em que minha tia Palila assobiava ao portão e corríamos ao seu encontro.
Por que é que qualquer objeto, qualquer pálida sombra de qualquer coisa daquele tempo me conforta dolorosamente agora, querendo me transpor praquelas paisagens mornas de aproveitar o quintal, de se perder no quintal? Qualquer coisa pra um 86 longínquo, qualquer cabeça de boneca arrancada, a máquina de tirar fotos que surpreendia com água... Por que? Por que qualquer imagem do pé de limão me convida agora muito mais do que qualquer coisa que eu possa ter ou querer aqui? Não há confortos, não há confortos! Não há Lucas e Cecília para chamar do outro lado do muro. Não há grama, piscina, pedra quente, não há o tapete de linha azul, não há nada, nem fresta de sol de manhã, nem dia de faltar da escola, nem nada, nada. As pessoas foram para algum buraco do tempo, parece que só eu fiquei aqui nesse meio de caminho...
O aramado amarelo, a pintura de tinta a óleo que nunca se secava, o telefone, o som do telefone, as cadeiras de vime, o cheiro do armário da copa, os pratos pendurados na parede, os bibelôs de viagem na sala pequena, o aparador, as fotografias, o carpete verde, os discos, as estantes, o bancão... tudo isso me traria agora mais conforto do que qualquer travesseiro, qualquer banho quente, objetos tão cheios de vida e Maíra em mim.

domingo, 14 de setembro de 2008

Tenho que contar que vi nesse fim de semana o clipe da Jennifer Lopez imitando o Flashdance. Quase tive um enfarto... quem deixou a mulher fazer aquilo? Jesus Cristo!!! Não há mais moral, mesmo...
Meu primeiro presente de aniversário já ganhei. DVD da série Os Maias. Quem me conhece bem sabe o quanto isso representa pra mim. Estou viciada, acordo e durmo vendo, ou sonhando... Sei porque uns usam drogas - minha intenção é a mesma, mas vou me engabelando com literatura, interpretação, luzes foscas de Luis Fernando Carvalho e, sejamos sinceras, com o Fábio Assunção, que mesmo perdendo seus olhos azuis para os olhos negros e mouros dos Maias, é uma maravilha penentrante. Ai, que suspiro...
E ando pensativa, tentando entender mais sobre alguns personagens e tal, me voltando para o livro. Tenho ainda que pensar muito sobre a Maria Monforte..., acho que tem muito ali ainda pra se decifrar... Quem concorda?

Obrigada, Nara!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

o tempo está tão seco, mas tão seco, que não tenho mais cera de ouvido, e sim, farinha de ouvido...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

4U

THELMA
Now what?

LOUISE
We're not giving up, Thelma.

THELMA
Then let's not get caught.

LOUISE
What are you talkin' about?

THELMA
(indicating the Grand Canyon)
Go.

LOUISE
Go?

Thelma is smiling at her.

THELMA
Go.

They look at each other, look back at the wall of police
cars, and then look back at each other. They smile.
O tapete rosa da sala não era um tapete; era um quadro. E era pra gente passar a mão, era bom passar a mão, sentir a lã felpuda, que compunha os desenhos geométricos coloridos – verde musgo, branco, rosa.
Tenho quase certeza de que, enquanto minha mãe fazia esse tapete em 1984, ela dizia que seria pro meu quarto em Uberlândia, que ela ia montar com os enfeites rosas, a casinha de porta-jóias, o coelhinho de louça, onde ficavam flores de plástico, as miniaturinhas de Gramado. Mas o tapete virou quadro e foi pra sala. Abdico do tapete, não me importo, porque, na sala, com o sofá de alvenaria de tijolinhos à mostra compondo a cena, ele encaixava certo, ficava pendurado pra gente passar a mão..., era tão gostoso passar a mão...
ontem, resolvi escutar Adriana Calcanhoto. Percebi o tanto que as músicas são aquelas de dor de cotovelo, de mulher largada. Não todas, claro, mas as famosas que me pus a escutar. Vide trechos:
"eu perco as chaves de casa, eu perco o freio
estou em milhares de cacos, eu estou ao meio
onde será que você está agora?"
"eu quero arranhar os discos...
que é pra ver se você volta
que é pra ver se você vem
que é pra ver se você olha pra mim"

terça-feira, 9 de setembro de 2008

still water



Levei um tiro. Caí no chão em câmera lenta. Ainda estou caindo. Meu irmão dormindo do lado, era meu irmão de verdade. Ele segura minha mão na vertigem da madrugada. Ele não sabe o que falou, o que balbuciou ali nas cobertas, talvez nem lembre que esteve acordado a me dizer “tadinha...”, mas não é a consciência que garante essas coisas de presença. Pensei: há muitas outras mãos que não a sua. E sabê-las me reconforta mais do que suspiro.

By Kássia Oliveira

Maira tenho lido seu blog, mas não consigo enviar nemhum comentario.Ah, essas mães!.Cores cheirosas e cheiros vermelhos
Bendita és tu , do vosso ventre Madalena
Elena,
Tu és a mais bela da maria
de Maíra.
saudades
idades
beldades
verborreia
Diarréia de letras e palavras que as vezes não sei postar. so ´posso te amar muito. De noite de dia eternamente lulu. Minha. So minha assim, ninguem mais assim. assim so você. VOCÊ.

sábado, 6 de setembro de 2008

pão de queijo

1 prato de polvilho (mais grosso, fino, não, compra lá em Piracanjuba)
1 prato de leite ou água (com leite é mais gostoso)
1/2 prato de óleo (acho que é)
6 ovos
1/2 prato de queijo curado ralado (um tanto bom, sei lá..)
sal à gosto

Colocar o leite e o óleo pra ferver. Cuidado porque supita, tem que vigiar a mistura. Escaldar o polvilho, aos poucos, com a mistura. É muito quente, cuidado. Depois, é bom dar uma uniformizada naquilo. Aí, deixe dar uma esfriada e junte os ovos e o queijo aos poucos e vá amassando. Se você já é tia ou avó, suas chances de essa receita dar certo é de 85%. Arrume alguém para enrolar pra você, porque é o ó. E tem que untar as mãos, mas não com muito óleo.
Sirva com qualquer coisa, inclusive com Heineken.
Brasília. Águas Claras - que não é cidade, não é bairro e não é Brasília.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

More than I can bear

Hoje foi necessário escutar Rain song.

Carente profissional - Cazuza

Tudo azul num céu desbotado
E alma lavada sem ter onde secar
Eu corro, eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar prazer
Carente profissional, carente
Se eu vou pra casa vai faltando um pedaço
Se eu fico, eu venço, eu ganho pelo cansaço
E os olhos verdes da cor da fumaça
E o veneno da raça, e o veneno da raça
Levando em frente um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente é sagrado
E é tudo piada, é tudo piada
Rafaella, escreve alguma coisa aí, escreve pra eu ler. Sem esse vício não dá! Já tive que acabar com todos os outros, mas, com esse, não!
Vai, aí, qualquer dose, xícara de chá ou colher de café mesmo. Um pouquinho aí. Rapidinho aí, vai, igual gelatina...
Antigamente era fácil. A gente via The Commitments, Vida de Solteiro, a gente decorava os filmes. Fazia aniversário. Fazia dezessete anos. Vivia de cartas e bilhetes, escritos de caneta mesmo.
Antigamente era suficiente.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Antigamente, não existia TPM. O que existia então?

Antigamente, não existia stress. O que existia então?

Antigamente, não existia menino hiperativo. O que existia então?

Antigamente, não existia dislexia nem déficit de atenção. O que existia então?
Estou pesando 46 kg. Pesei ontem, de calça jeans e tudo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

home at the end of the world



Assisti esse filme ontem. Todo dia tô assistindo (a) um filme. Ontem foi esse. Tipo, olhei a capa, não sabia nada a respeito, mas esses filmes servem pra esses momentos. Eu gostei.

Eu queria dizer pras pessoas que eu acredito no amor, acredito muito no amor. Não esse grudado com cola nos desenhos de mimeógrafo, não esse que, mesmo com o ciúme dos pais muito estritos, é permitido - o que gera casamentos e tudo nas conformidades. Mas as diversas manifestações de amor e dedicação às pessoas. (Eu teria muito a dizer sobre isso, mas parece que me deu preguiça...). E o filme meio que é sobre isso... Sei lá, se alguém estiver a fim... e se, depois, eu estiver a fim de falar mais sobre isso... Whatever...
Ele me abordou perto da mesa dos canapés. Canapés... é uma palavra muito chique pr´aqueles salgadinhos. Ficamos com aquele ar de que aquela coisa de casamento, aquela emoção forçada toda não era coisa pra dois peixes fora d´água naquela situação como a gente, confundindo programa de sábado à noite com festa de casamento. Nós, com aquelas caras de espertos e roupas um pouco fora do tom.
- Pra onde você vai depois?
- como assim?
- depois daqui.
- não, não tem depois...
- você tá com quem?
- a tia da minha amiga tá casando...
Acabamos na mesma mesa, tomando cerveja como no boteco. Às vezes, passavam aquelas batidas duvidosas de pêssego. Os copos se enchiam sem a gente perceber. Eu sentia o perfume dele no caminho pro banheiro. Quanto mais cerveja colocavam no meu copo sem eu ver, mais eu ia ao banheiro e me dava mais vontade e coragem, durante aqueles momentos de reflexão nos agachamentos desconfortáveis de salto alto, de sentir a camisa azul clara dele por debaixo do blazer.
Mas voltar pra mesa significava constatar novamente como as festas de casamento sempre são iluminadas demais, acho que é pra espantar esse negócio de querer consolar a irmã solteira que vai ficando pra trás, eles fazem questão de acabar com essa coisa de meia luz. Alguns adolescentes mais ousados, ou descabeçados, bebendo escondido no jardim, conversando sabe Deus lá o quê, se beijam e se agarram como a coisa mais normal do mundo, mas e eu, eu nem estudante era mais... Que desculpa eu ia dar? Além do mais, eu tava de carona, vim espremida, quase no colo da vovozinha da minha amiga, ia dormir na casa dela...
De qualquer maneira, quando a bandinha já estava na fase Whiskey a gogo, já tínhamos conversado até sobre as irmãs dele, o que me acendia uma luz vermelha pra esse tipo de intimidade familiar, estava indo, de novo, ao banheiro, e ele me puxou pela mão, mas continuou sentado, se colocando tão perto, que praticamente colou seu rosto na minha barriga. Comecei a achar que tava todo mundo me olhando, mas o meu sovaco e minhas mãos suaram de repente e acabei me debruçando sobre ele, em pé, ali mesmo. A minha impressão era de que aqueles priminhos com os mini terninhos alugados se esfregando pelo chão, brincando de jogar frisby com os pratos descartáveis, se esbarravam em mim, e as tias gordas, já com os pés inchados, sonolentas sobre os cotovelos, olhavam de canto de olho, pra quem estivesse do lado, pra perguntar “quem é aquela ali?”. Ai, aquilo tudo foi me dando uma coisa ruim, e, num súbito, acabamos nos escorregando para o jardim também, contra o muro de hera, perdendo completamente o escrúpulo...
Conselho de etiqueta: não se acha homem pra casar em casamentos. E ponto.
O Elefantinho
E.E. Joaquim Saraiva
E.E. Plácido de Castro
E.E. Piratini
ESEBA
Messias Pedreiro
Nacional
UFU

terça-feira, 2 de setembro de 2008

U2 - stay
Green light, Seven Eleven You stop in for a pack of cigarettes You don't smoke, don't even want to Hey now, check your change Dressed up like a car crash The wheels are turning but you're upside down You say when he hits you, you don't mind Because when he hurts you, you feel alive Is that what it is? Red lights, grey morning You stumble out of a hole in the ground A vampire or a victim It depends on who's around You used to stay in to watch the adverts You could lip synch to the talk shows And if you look, you look through me And when you talk it's not to me And when I touch you, you don't feel a thing If I could stay... then the night would give you up Stay, and the day would keep its trust Stay, and the night would be enough Faraway, so close Up with the static and the radio With satellite television You can go anywhere Miami, New Orleans, London, Belfast and Berlin And if you listen I can't call And if you jump, you just might fall And if you shout I'll only hear you If I could stay... then the night would give you up Stay, and the day would keep its trust Stay with the demons you drowned Stay with the spirit I found Stay and the night would be enough Three o'clock in the morning It's quiet and there's no one around Just the bang and the clatter As an angel runs to ground Just the bang and the clatter As an angel hits the ground

a única paisagem que tem feito sentido



Ontem, eu tinha escrito altas coisas e as perdi..., é que vou escrevendo no word, pra nao ficar o dia inteiro aqui, porque acho que nao convém..., mas aí, tivemos três picos (picOs) de energia e perdi tudo... Que grilo...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

child´s love

Um dia eu quero escrever sobre o amor de filho. Todo mundo só sabe falar do amor de mãe, tornando esse chavão tema central de novelas, filmes e capas inventadas da Revista Pais & Filhos. Sem poder/querer comparar o incomparável, penso que grande é o amor de filho.
E é uma coisa praticamente platônica, por ser mais pra contemplativa, aquela de pedestal, velada, amor de suspirar de noite, depois de chorar. Eu não sei se as mães sabem disso, eu teimo em dizer que não. Essas representações que se mostram, em tantas vezes na minha memória, num simples admirar minha mãe se aprontando pra sair, fazendo maquiagem, quando eu era pequena. A gente se debruçava, se pendurando na pia do banheiro, vendo ela passar o New Wave com glitter nos cabelos pra moldar um coque, passar blush, batom, lápis com tanta destreza (quando ela virava os olhos pra cima e abria de leve a boca, para nossa incompreensão) e ainda puxava um risquinho, como se estivesse aumentando o rasgo do olho. As coisas das quais lembro, talvez nem ela as saiba, os elementos de composição da personagem, da fantasia mãe... tudo, por mais que meros objetos ou simples ações, me ressuscita hoje, mesmo que em memória, o conforto que buscávamos nesses itens, como se tudo fosse colo e proteção.
O escarpin de couro de cobra, ou o preto, lindos, mostrando o peito do pé. O vestido azul Royal de linha, longo, com um decote nas costas, com o qual ela foi na festa de casamento da Valéria no salão da Spirandelli e ficou bêbada e chorava e ria ao mesmo tempo, assustando as crianças encolhidinhas com ela na cama.
E os vestidos – dois – sereia da formatura no anfiteatro da UFU; aquilo era pra se descer escadaria, sei lá, coisa de se admirar, cantar música no palco. Mais tarde, ela merecia, foi presenteada com uma taça enorme (pelo menos para os meus olhos de 1987) de sorvete no Choppizza e o disco Dois do Legião Urbana, com dedicatória de caneta Bic na capa.
E quando ela amassou os cabelos feito papel crepom para ir à festa do Túlio. Ou quando ela, de saia-calça de seda, se produziu e chegou atrasada, mas arrasou, com pauzinhos japoneses no cabelo, combinando com a decoração de origamis do Sólon.
E ela atrasava pra me buscar no Elefantinho, e chegava com as unhas sujas pela xilogravura, fazendo dissipar o grilo de mais de uma hora de espera e até parecia que não ia acontecer de novo.
O perfume Hit, da L´Aqua di Fiori, a loção firmadora dos seios, o shampoo Monange de mel, o sabonete de aveia... A gente abria seu guarda-roupa só pra ficar olhando, examinando, decorando as roupas, as coisas dela, os cheiros de perfume, talco Banho a Banho, Care free, tudo misturado...
E tudo isso ela não sabe. Não sabe que a gente queria imitá-la, queria cortar também o cabelo na Maria Eugênia, mas não era longo e preto igual ao dela, que ela passava henna e tinha franjinha, ela podia ter franjinha, ela era a pessoa de franjinha, porque ela era a menina cocota gatinha dos anos 80, de Santana vermelho metálico, quando fazia sentido enunciar o nome dessa cor. Ser mulher, pra gente, era ser ela, refletir sobre isso era pensar que ela sabia ser mulher.
E hoje, impossível não me engasgar e não sonhar que ela volte a ter 20 e alguns anos, porque hoje ela tem 46 e acha que tem 50 há dez. Porque, se essa moça, essa menina, de mãos na cintura contemplando o rio Araguaia, de roupa preta de cotton rumo ao aeroporto, de madrinha de casamento em 1989, essa mulher-criança de língua pra fora na fotografia mora dentro de mim, por que não vive também dentro dela?

explicar o inexplicável?

Podem me chamar de pessoa sem personalidade, ou de libriana que nunca sabe o que quer. A questão é que mudei mesmo de novo o lay out do blog. Dá licença? Não tava gostando..., tava me sentindo presa..., e como estou num período de mudanças, de puberdade canina, resolvi mudar. Ainda vou ajustar uma coisinha aqui, outra ali, mas é isso... Nem por isso virei pisciana...

não vai atrapalhar o teste

A Rachel nasceu velha nova, como as fotos sobre o piano. Ela foi buscar, sugou um quê, um ar do que é atemporal, justamente por ser velho. O jeito dela fumar, jogar a fumaça como ar transparente, infestando a luz pouca, lotando o ambiente de sua presença. Sempre foi chique fumar...
meu amor nunca será de Camille Claudel...

pegando emprestado


Por Não Estarem Distraídos, de Clarice Lispector


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

coqueiros - the real thing


Rafaella, Rafaella (vocativos tipo Branca...), eu vou te linchar, Rafaella. Eu quero jogar pedra na Geni! Eu quero chutar (com T) o pau e o pé. Quero grana, quero grana pra ficar brincando de blog com você, ficar comendo pão-de-queijo com Heineken segunda-feira, três da tarde, pra olhar a grama, pisar descalça e esperar dar aqueles mosquitinhos de Uberlândia da hora de ir pra dentro. É só o que eu quero, ser eu e ser todas nós. Meu deus... Já comprei uns móveis de jardim, de madeira fosca, tratada, é verdade, mas sem aquele verniz de Vó Rosa nos bancos doídos nas costas da visita só pra eu brincar de rir do povo que vai comer a feijoada beneficente e comentar e escrever e te convidar pro nosso ócio de Carlton e vontade de abrir uma lata de atum. Aaaaaiii - de doer a garganta mesmo... Quero ouvir você falar da coleção nova da Neon, ou me explicar, sem olhar os créditos das fotos, quem está imitando quem, e aí, eu penso, quem me impede? Que diabo? Que forças ocultas? Nome na boca do sapo? Mandinga?
Vou ali, e nem é pra pingar meu alucinógeno no olho, é pra terminar um parecer de advogada de scarpin mesmo...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

I feel good

It was some rainy 1990. As the commercial song played we didn´t feel like they were trying to sell us something. It looked less Brazilian. The song – I feel good – could exactly, as well as the foggy takes from some streets in San Francisco, if I´m not mistaken, provide a rare kind of feelings. Those that make us feel like we had them before, like we had that life, that mood, despite the fact the we hadn´t. Specially when we were just children.
My black and white dream.
Não há fim do poço. O poço tem um fim atrás do outro, o que lhe torna um buraco, uma minhoca, um cano infinito.

sábado, 16 de agosto de 2008

by the way


O fantasma apareceu, virou gente de verdade, dessas que a gente pode apertar a mão. Vi as coisas com um olhar mais de dentro, menos coisa de turista, menos menina boba de interior, com a mala arrumadinha e as roupas de fora da estação. A temperatura me convidou, ruas sem parecer algo inacessível pro meu olho de mineira de saber só de pão de queijo. Lá, vou ter de me maquiar, usar os pós das coisas de mulher grande, gente de ternos, gravatas e bom dia ou três frases de elevador.
Depois, vou especificando. Por enquanto, fico aqui de tempo, de intertempo, querendo ficar do lado, e dentro das minhas poucas coisas, de companhia e coleção de músicas minha e sua.

Foto na estante quando eu chegar em casa depois do expediente....
Ela não quer assistir Thelma e Louise e nem Uma linda mulher.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Aqui, com roupa de advogada, trabalho de advogada. Hora in itinere - os leigos sabem o que é isso?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

As mãos da minha avó fazendo almôndega. As mãos finas com a aliança ouro-cobre amassando a massa das almôndegas. Mais tarde vão estar esturricando na panela grossa de ferro.
Que trabalho esse de inventar essa palavra (e que me enche a boca): almôndegas...

domingo, 10 de agosto de 2008

night


O avião chegou um pouco atrasado. Normal. Só não pra minha ansiedade de ficar colocando as mãos no bolso. No intervalo, pra fazer panca e me distrair, pedi um chocolate quente – espantando um pouco o frio das mãos também. Cigarro não podia no lugar fechado.
Pousou. Fiquei me inclinando naquela janelinha, disputando com parentes brancos e gordos, crianças desprevenidas com roupa de ficar em casa, senhores de barrigas e chinelos. Achei que tinha te visto de sacolas e cabelos.
Malas. Você é uma das últimas a pegar todas as suas e sair, com os olhos dos outros a não te reconhecer como encomenda.
Você vem em minha direção. Preto, jaqueta, sapato fechado, toc-toc. Te abraço fazendo carinhas, depois fecho o olho sentindo o seu perfume, novo, suave, seco.
Você está mais magra. Bonita. Diferente – sobrancelhas?
Que assunto? Minhas mãos frias buscando as alças das malas. Desconforto, como sempre, pra abrir o porta-malas. Pressa no local meio proibido pra estacionar.
Você está clara. Meio falante. Ainda não encontramos nosso tom – penso. Tinha preparado uma música pra colocar no carro pra você, esqueço durante quase que por metade do caminho. Lembro, ligo, mas você conversa e não percebe.
Cosmopolita. Ela tá mais cosmopolita, penso. A jaqueta, os cabelos. Você me conta sobre o livro que está lendo, enquanto eu faço uma curva, paro no sinal, te olho de lado, você gesticula, você coloca os dedos meio recurvados sobre o rosto. Experimento colocar minha mão sobre sua perna, você me olha, enternecida, você é a mesma, de dedos leves.
Estamos felizes. As ruas vazias. Estou rindo a cada palavra, rindo inteira, você me conta as coisas, as cotidianas, as inusitadas, o caminho é longo e doce. O azul negro da noite, com os poucos pedestres, mendigos se aconchegando, carrinho de cachorro quente na esquina lançando fumaça, tudo parece menos solitário, tudo parece arder menos, tudo, embalado pela sua voz, pelo seu piscar de olhos por detrás da janela, tudo se faz menos desgarrado do mundo a mim.

sábado, 9 de agosto de 2008

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

24 horas


Rodoviária. Raoni de roupa puída, mas bem composto, aos tons de bege. Abraço o Raoni. Clarissa vira de lado, prenunciando lágrimas. "Você é um irmão excepcional...". Recomendações de novo, e de novo. Tenho dó de beber e comer o lanche que ele me comprou para a viagem. Durante minhas 24 horas de pensamentos lambendo a estrada, deu pra ver, lembrar, questionar, pensar mesmo em tudo, tudo de uma vez, nessa semana. Meus amigos, minhas verdades, gostos e cheiros e temperaturas e irmãos quentinhos debaixo das cobertas. Minha mãe remendada numa cama, amarela ela. Meu pai de pagem. Ita introspectivo - reticências... Cachorros se encolhendo no frio, os cachorros envelhecendo - o tempo e as consequências também passam pra eles. As plantas encobrindo a casa, dificultando a viagem no Google Earth. Biscoitos (2Xcoitos..., credo..., desculpa...). Deixei os termômetros pra trás, meus banhos quentes, chão frio, promoções de supermercado, café invocado na cafeteria, "tudo jóia?" no shopping. Nem todas as conclusões são possíveis. Mas agora penso: Raoni do outro lado do mundo - , e tudo recomeça.
"Te amo". "Também te amo". Isso foi na rodoviária.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

quinta-feira, 31 de julho de 2008

em tempo

É importante que se diga que essa lista - e uma que está sendo confeccionada (será?) - só foi possível graças à atuação de Anabelle Carrilho.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

P.S.

O nome do filme não é KY, mas, K9, por favor, gente... (Se bem que, com um pastor desses atrás de você, fica difiss...)

terça-feira, 29 de julho de 2008

sessão da tarde - continuação

Filme de acontecimentos estranhos de transformação (sórdidos):
Quero Ser Grande, 1988 de Penny Marshall
Vivendo um conto de fadas
Manequim

Filme de cachorros e policiais:
Uma Dupla Quase Perfeita, 1982 de Roger Spottiswoode
K9

Filme de aventura urbana, cuja estória dura um ou dois dias, em que os mocinhos não têm descanso, com muita velocidade e roupa suja no final:
Gotcha!
Te Pego Lá fora, 1987 de Phil Joanou (Three O’clock high)
Herói não tem idade
Os Garotos Perdidos, 1987 de Joel Schumacher (com alguma variação de enredo)
A lenda de Billie Jean

Filme de aventura em reino encantado, situações de muita imaginação e elos perdidos:
A Lenda 1985 de Ridley Scott
Labirinto
A História Sem Fim, 1984 de Wolfgang Petersen
Willow
Os Goonies (com alguma variação de enredo)


Filme de caras durões, halterofilistas, mas cuja aventura se dá nos primórdios, em épocas obscuras:
Conan O Bárbaro 1982 de John Milius
Highlander O Guerreiro Imortal, 1986 de Russell Mulcahy


Filmes de comédia de sexo em que um grupo de adolescentes querem perder a virgindade:
Porky’s (A Casa do Amor e Riso 1981, O dia seguinte 1983, contra-ataca 1985) de Bob Clark
Férias do barulho (Resort)

Filme de comédia, com situações em primeiro e segundo plano, com humor idiota, porém, não apelativo:
Corra Que A Polícia Vem Ai 1988 de David Zucker
Apertem Os Cintos... O Piloto Sumiu! 1980 de Jim Abrahams
Top secret


Filme em que o cara/menina se apaixona pelo/pela mais popular da escola e conta com a ajuda de amigo/a para conquistá-la/lo (e este/esta é apaixonado/a pelo/a primeiro/a), conseguindo êxito e descobrindo que gosta de verdade do/a amigo/a:
Namorada de Aluguel
Admiradora Secreta
Alguém muito especial (Some kind of wonderful)
A garota de rosa choque

Sessão da Tarde - classificação dos filmes


Filme em que um grupo de adolescentes tenta algo em conjunto, não necessariamente de amigos, como passar de ano ou tirar carteira, causando patetices e com presença de festas, sempre tem uma dupla de freaks pra horrorizar o pessoal:
Sem Licença Para Dirigir, 1988 de Greg Beeman
Curso de verão
De volta às aulas (Back to school, 1986)

Filme de adolescentes dos anos 80, com festas e situações de grupo e afins (presença de muitos figurantes):
Negócio Arriscado
Gatinhas e Gatões
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s day off)
A Última Festa de Solteiro, 1984 de Neal Israel
Tuff Turf (será?)

Filme de yuppies dos anos 80:
Uma secretária de futuro
A fogueira das vaidades
O segredo do meu sucesso
Sob a sombra do mal

Mulher que precisa disfarçar de menino, ou menino que tem que disfarçar de menina, por algum motivo (que na vida real nunca justificaria...), ou até mesmo branco disfarçando de negro e vice-versa:
Uma escola muito louca (o título em inglês não tem nada a ver – Soul Man)
Uma garota muito especial (apesar de ser de 1992)
Quase igual aos outros

Filme de aventura em lugares exóticos em que o mocinho veste roupa cáqui: Indiana Jones (Steven Spielberg, 1981 1984 e 1989)
Tudo por uma esmeralda
Crocodilo Dundee (todos)
As minas do rei Salomão
Um salto pra felicidade (com variação no enredo)

Filme de aventura em bairro japonês, com acontecimentos estranhos e miscigenação:
O rapto do menino dourado
Os Avetureiros do Bairro Proibido, 1986 de John Carpenter


Filme em que o pai fica no lugar do filho, a partir de algum acontecimento estranho, geralmente alguma máscara ou objeto de magia negra vai parar nas mãos de alguém:
Vice-versa
Tal pai, tal filho

Filme sobre dança e superação, com trilha sonora destacada:
Flashdance
Dirty dancing
Footloose
Karatê Kid (é de luta, mas é a mesma coisa...)

dadanujam, dadanujam


O outro – internacional
- Coming around again – Carly Simon
- Don´t dream it´s over – Crowded House
- The miracle of love – Eurythmics
- At the back of my heart – MCR
- You´re the voice – John Farham
- Words get in the way – Gloria Stefan
- This love – Bad Company
- Don´t get me wrong – The Pretenders
- Never gonna leave you – Subject
- Stay the night – Benjamin Orr
- Foolish pride – Sasha
- I´ll be over you – Toto
- Thousand miles from home – Jim Porto


Roda de fogo – internacional
- Sweet freedom – Michael McDonald
- Invisible touch – Gênesis
- Colors in my blues – Reno Scott
- New, York, Rio, Tokyo – Trio Rio
- You can´t get out of my heart – Mike Francis
- Sledge hammer – Peter Gabriel
- Holding back the years – Simply Red
- The finest – The SOS band
- Ancora con te – Pepino di Capri
- Sahara night – FR David
- Why worry – Dire Straights
- It won´t be the same old place – James Warren
- If looks could kill – Heart

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Revival

Aos meus amigos,

Recebi dois e-mails – um da Valéria e outro do Vinicius – comentando sobre a série Queridos Amigos e as relações da mesma amizade, a nostalgia e outros nobres sentimentos.
Pareceu que eu pudesse estar fria em relação a isso... Ou talvez as pessoas estranhassem por eu não ter escrito algo nesse sentido antes mesmo desses dois comentários. Acontece que é completamente o contrário.
Fiquei muito relutante em assistir à série. Só vi mesmo no finalzinho. Mas já pescava mil elementos com que eu me identificava e o momento pelo qual estou passando me deixa ainda mais vulnerável a certas coisas do que o normal, por isso tentei tomar distância...
A série é sobre amizade, e também sobre anos 80, sobre política, sobre o período da abertura, com a eleição e disputa entre Collor e Lula... quer dizer, é tanta coisa... E tem também uma artista plástica, e tem um professor cabeludo se separando da mulher... Um mundo que era o meu mundo, minha referência de tanta coisa... discussões políticas dos pais pegando fogo e a meninada, depois de zoar bastante com adesivos de campanha e tudo mais, querendo dormir... Esperança de melhora, Golzinho BX e outros carros velhos, com aquele cheiro de volante e borracha atrás do banco onde púnhamos a boca...
Um grupo de amigos, amigos que se amam, que dão valor à amizade, mas que, pelos infortúnios da vida, pelos caminhos loucos que ela traça, foram se distanciando – talvez apenas geograficamente...
E... pôxa vida... como não pensar, como não se emocionar? Como não pensar nos meus... todos tão longe...
Não gostaria que tivesse alguém morrendo pra poder juntar todo mundo... Mais uma festa, mais um jantar? Uma promessa de um dia, em que todos estivessem juntos?
Tudo é tão muito pra mim...
E é engraçado na série que o grupo seja formado de pessoas tão diferentes, com profissões diferentes, das mais diversas: médicos, psicóloga, professor, jornalistas, artista plástica (aliás, uma série sobre anos 80 que se preze tem que ter um artista plástico...), um editor... Me lembra de quando a Alice falou, em ocasião do carnaval de 2003, que no nosso grupo era normal que tivesse diferentes pessoas, com “diferentes papéis”... que cada um era um, era de um jeito, e que o Vinícius (não vou falar o seu apelido suscitado à época...) era o “milico”... (hahaha...)
O mais que isso deveria ser dito pessoalmente, com cerveja..., como nas tantas vezes que pudemos fazer isso.
Amigos são a família que a gente escolhe...
Com amor e saudades,

Maíra Selva

primeiro acesso

O primeiro acesso, a primeira dor. Dentro da água. Você já imaginou o que é sofrer ao som de Roupa Nova? O vizinho ouvindo Roupa Nova e você chorando. Tende piedade...
Naquele dia, de unhas que rasgaram a perna, naquele dia, em que deitei na margem, embriagada de olhar as nuvens, ver o precipício, me precipitar, estava tudo lá, estava tudo lá, resumo, metáfora de tudo, tudo, meu Deus, tudo...
Eu não sou melancólica, eu não sou A pessoa melancólica, mas te esperar e cheirar sua jaqueta escondida me faz pensar o quanto me faço Edith Piaf, o quanto me debruço exagerada sobre as coisas que planto e não colho, o quanto ser mulher, pra mim, é muito mais do que abrir as pernas, é muito mais do que deixar qualquer homem me ter, o quanto ainda não vou crescer nem um pouco. E há pouco eu dizia: não tenho destinatários... tudo fica tão perdido no caminho, tudo escapole por qualquer veia, qualquer viela, onde ninguém se esconde comigo, ninguém se protege comigo da chuva – momento romantiquinho.
Me fala logo o que eu quero ouvir, o que estou esperando. Um momento de falar da Daniela Mercury se torna eterno pra mim, uma vez que você balbucia qualquer coisa de noite se torna pra sempre em mim. E aí? E aí? Eu não sei do que você tem medo, não sei o que há no meio de nós, te embrulho, te envolvo e você pede desculpas nas entrelinhas, te espero, vejo o tráfego, vejo as novidades em você e tenho vertigens e o balcão não é o cenário, a cozinha não é o cenário, nem o quarto onde fico sozinha no frio.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

sabe o que anda acontecendo? eu começo a escrever algo que penso que vou postar no blog, de repente, adentro tanto nos meus buracos e superfícies, que acho tudo muito introspectivo, acabo deixando de lado, evitando escancarar mais uma página das minhas inerioridades... e agora?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

cadê o Bento nessa estória?




blogando de casa, sem culpa pela IN de informática, sem cliques rápidos, minimizando a tela... 34 pila por mês, de boa, o dia inteiro, vamos ver...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

cadê as imagens? o blog aqui tá doido...

Ferro véi...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Eu não sou correspondida, não sou uma pessoa correspondida – aviso logo. Falo da minha avó, como se ela fosse um personagem, e ela nem sabe disso. Meus pais, meus irmãos, meus amigos, a minha alegoria, meus primos, meus tios... todos me amam menos e ninguém sabe. Escrevo, homenageio e “tá legal”, conto, disserto, poetizo qualquer coisa – nua, crua, displicente e cuidadosa, coisa de dentro onde nem eu sei, onde nem avisto – Ipê amarelo – e “tá legal”.
Nem sei se quero ter filhos; já há tantos destinatários para o meu amor...
Minha vontade não é de línguas, sucos, caldos, sulcos, mucosas, não. Isso deixo pras ruas. Meu trick, meu tique é querer rostos, bochechas, nucas de cabelos, alisá-los, olhar olho no olho, sentir hálito, orelhas, mãos, mãos... O que quero é uma fresta de sol, aquecendo de manhã no quarto da mãe, quero um jeito, um silêncio sem medo, uns desenhos no vidro da janela a inventar e imaginar coisas. Sexo é pra corredor, é pra beco. Isso, não. Isso daqui, não. E é o mais vil, é o que a velha aponta e cochicha com a menina, de cara feia. É o dever ser contida na casca de mulher casada – “onde já se viu?” É um pedinte, é um sufoco, é um pé sujo, um joelho machucado, é um vendedor de ratos falsos na porta da Americanas – “onde já se viu?”. E fica isso, fica essa falta de cristianismo comigo, o olho torto. Sou aleijada, estou sentada em cima do mijo da metrópole, estou na esquina, no chão, no frio, de esparadrapos, importunando o homem limpo de terno, a mulher de sacolas, me misturando aos pombos, toda a patologia de uma existência que incomoda. “Pare de olhar, menino!”

segunda-feira, 14 de julho de 2008

In shocking pink

Se eu pudesse medir, mensurar, olhar através do meu próprio olho no tempo... Edifício Champs (pronúncia sem o “p”, depois que a gente cresce descobre que é igual campos, Campos Elisios), que era, simplesmente, o prédio da Americana – com o mesmo cheiro há mais de 25 anos e seus balaios de Sonho de Valsa e bala azedinha da Erlan (uma das três coisas que já furtei na vida...). Lá em cima, a gente olhava da janela, talvez quisesse cuspir, se impacientava, aí, vinham os carimbos, os desenhos, as canetas hidrocor, a máquina de xerox, a tomação de água nos copinhos descartáveis... A cidade escurecendo lá em baixo, esfriando. Conjunto de moletom sem tamanho, talvez a barriga ficasse um pouco de fora, desconfortando um pouco, sem camiseta por baixo, costelas poucas.
Do número 836 da rua Tabajaras, podíamos avistar, não só o Edifício Champs, mas, também, a Catedral e seu relógio, à beira da Praça Tubal Vilela, para ver as horas.
Hoje, a vista não mais alcança. Se eu pudesse, no aconchego do elevador quentinho, se eu pudesse, hoje, me entediar daquela maneira mais doce, da melhor maneira, na presença de um irmão, também querendo ir pra casa, ou de qualquer outra criança filha de alguém...
Ahhhhdufu...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

É Prata, é Prata, é Prata, é Prata, é Prata...

Anteontem, assistindo ao Entrelinhas (de novo o Entrelinhas...), vi um pedaço da entrevista com o Mário Prata. Comedido como um mineiro, sarcástico como um carioca, entediado como um paulista. Eu sabia que teria algo com o Mário Prata no próximo programa, mas esqueci (aliás, será reexibido, como de costume, no próximo domingo), então perdi um pedaço. Perguntado sobre várias coisas, ele contou que lia o jornal e viu uma prova de vestibular com um texto dele para ser analisado. Das 8 perguntas a respeito da interpretação, ele, o próprio autor, errou 5... e comentou o quanto se enganam, o quanto floreiam a respeito de uma frase, "há coisas que são aquilo lá mesmo, não quer dizer nada além daquilo...".

Outro comentário. A Paula Picarelli (esta, que fez muito homem gostar de "pica" - kkkkk, desculpem, não agüentei segurar...) perguntou o que ele achava dessa nova linguagem usada na internet, a escrita do msn (eu mesma estou dizendo assim...) - aliás, mais um comentário: essa tem sido a pergunta do momento... Ele disse que tudo bem pra muita coisa, tipo "prum", não dá pra ficar com a hipocrisia do "para um", essas coisas, agora, não me venham com o "naum" (foneticamente como "na um"...), que já é demais. Essa fala é dele ou minha?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

sempre há o que postar...

auto-retrato mentiroso


Ponderando

Acho que estou mudando o padrão de cores do blog. Estava muito claro, muito branco, muito pastel. Não é bem o que eu queria, mas...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

post mortem


Ali, bem na grama verde, um ponto de movimento se destaca entre as crianças brincantes. Tímido, poucas pernas e focinho afinado. Ele olhava bem nos olhos do menino, que tinha a sua altura, sem apenas os interesses pela distração da criança na busca de comida fácil. Havia uma simetria, uma equivalência; nem ele, nem o menino sabiam que eram criança e cachorro.
Pitoco. Spot.

*Obs: a figura é meramente ilustrativa.

quinta-feira, 3 de julho de 2008


















MEU CORAÇÃO DE RODOVIÁRIA
CHEIRANDO A FUMAÇA
DE PÉ NO CHÃO
SUJO FEITO MENDIGO
CAFÉ, MAIS DO QUE ACALANTO
ROUPAS, NENHUMA
SEM TEMPO DE SAIR, DE CORRER, DE MUDAR
MEU CIMENTO SECO
- CASCA DE MACHUCADO
SEM NENHUM SOLUÇO
UM CAROÇO SÓ
NO LUGAR DO OLHO
MEU PERTENCE DE SABONETE BARATO DE BANHO DE FONTE LUMINOSA
FICO AQUI
A ESTICAR A MÃO
A ESPERAR QUALQUER COISA,
DINHEIRO, ESCARRO,
QUALQUER ESQUINA, QUALQUER CIGARRO

segunda-feira, 30 de junho de 2008


Todo dia tô engasgada. Todo dia o vidro refletindo e não sou eu. Todo dia penso nela. Todo dia pego um filme, sujo os pés, compro Coca-Cola. Todo dia sinto saudade. Todo dia passo calor. Todo dia espero. Todo dia compro, digo, cantarolo, grito dentro do carro, piso a calçada de chinela havaiana. Todo dia não a tenho. Todo dia. Tododia.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Cássia Kiss. Cássia quero.




Há pouquíssimos meses, meu marido e eu assistíamos ao programa Entrelinhas da TV Cultura, como gostamos de fazer aqui em Palm Beach, e vimos, por assim dizer, uma reportagem sobre o poeta (pantanero) Manoel de Barros. Já tinha ouvido falar dele. Já tinha ouvido Cássia Kiss falar dele, mas, naquele dia, além do aconchego e aproximação que o programa consegue alcançar, ela não só falou, com aqueles seus olhos arregalados perguntando ao próprio entrevistador, mas leu Manoel de Barros. A reportagem também mesclou uma entrevista curta com o poeta e imagens daquele senhor, velhinho de camisa.
Aquilo marcou, assim como outros programas sobre outros autores marcaram.
Mas eis que a briga de audiência entre dois canais – estes, sim, privados – levou ao esdrúxulo (pelo menos, até agora, em matéria de televisão) acontecimento da reprise de uma telenovela que foi exibida por um terceiro canal, no início de 1990. Estou falando de Pantanal, um encanto, um projeto que soube reunir gente excelente e com coragem de fazer algo diferente e com qualidade (mas esse é, ainda, um outro assunto... ou não...).
E fico lá me deliciando com todas aquelas imagens, lamentando o fato de que a TV use muito estúdio, pouca cena externa, me atentando aos diálogos do Zé Dummont e da Cássia Kiss, esplêndidos, puros, de pé-no-chão, tudo aquilo me comovendo, me deixando dentro d´água, me deixando descalça, touchy. Tanta coisa me tocando por dentro, tudo que é idade passando, tudo que é isso tudo, que, da primeira vez, foi há mais de 18 anos atrás e nada ainda tinha acontecido, pensando no mato, na roça, no jeito de ver as águas, o pasto como algo natural, olhando os olhos dos ruminantes.
Maria Marruá morreu. Aos berros. Ela não cedeu, encarou a arma, encarou o homem de frente, com seus olhos saltados, mais do que animais. Uma cena linda de luta dentro d´água, tudo muito mulher, como a Cássia Kiss tem conseguido fazer.
No outro dia, no meu ambiente normal de trabalho, fiquei sabendo que Cássia estaria aqui, sim, aqui em Palmas, para um projeto sobre escritores brasileiros – ela leria textos, poemas do Manoel de Barros. De repente, tudo foi um encaixe e quase surreal, porque justo tudo aquilo que eu andava curtindo, tudo somado, já que o próprio poeta é também um poeta pantanero, o pantanal é personagem e presente em quase tudo que ele conta, presencia, inventa...
Fui, ouvi, me deliciei com o que se tornou raridade nos meus ouvidos, na minha alma, na minha pele na terra do horizonte sem fim... Ela, de vestidinho colorido, meia calça preta, sapatos boneca moderninhos, à la artista plástica, magra, ágil, sentada na ponta da mesa, com óculos quadrados, permitindo que ela olhasse por cima das lentes, quase parecendo uma velha, os cabelos de um liso cheio grosso, curtos, que ela bagunçava de tempo em tempo. Imprimiu naqueles versos delicadeza, pessoalidade de atriz competente e extasiada da poesia, falou do cavalo, do Bernardo, da nuvem de calças apertadas, da chuva derretendo a bosta de vaca, borboletas, sexo na pensão e na cabeça do adolescente poeta... Ela escolheu os versos e escolheu como contar, como dizer, como chegar no meu ouvido através de sua voz, que crescia, levantava nos momentos dela, as mãos se mexiam, os dedos ficavam em riste por vezes... Pensei que uma coisa era ler poesia, outra, era ouvir... e, através dela, aquilo era de encher o travesseiro.
No fim, não agüentei. Fui tietar, mas, com delicadeza, fui olhar de perto os sulcos da sua face, dizer que ela era xará da minha mãe, contar o lance do Entrelinhas e fazer uma brincadeirinha que usei pra abordar: “quase deixei de vir, pra poder te ver em Pantanal, mas a Maria Marruá morreu ontem...”. Ela, sorrindo mais os olhos do que a boca: “tadinha...”. Depois, conversamos mais duas vezes, inclusive, já lá fora, quando eu perguntei se ela, Cássia, também escrevia, ela disse: “cartas...”. Inclusive para o próprio Manoel de Barros, que respondia com graciosas quatro linhas de velho.
A professora carioca (palestrante da noite), Eliana Yunes era o nome dela, cheirando a Eternity, com sotaque limpo de aristocrata e português impecável, muito simpática, convidada a convidar os locutores ao incurso na leitura, na literatura, me aconselhou a deixar um pouco o Fórum quando lhe contei meu interesse em escrever.Era noite, menos quente do que qualquer outro dia, meu estômago, vazio, dava trégua, a única cerveja esperava no bar ao som do ritmo do Calipso genérico. Mas eu não estava lá, não havia nem braços ou cotovelos sobre a mesa, fui longe e não soube voltar.

terça-feira, 24 de junho de 2008

ascendente em libra


Um dia vou continuar meu romance e ninguém vai me ter (meter?). Um dia vou ser digna de ninguém me merecer. Casquinha de siri, na beira da praia. Inatingível vou ser. Não quero ser de ninguém. Ninguém. Ninguém.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Joinha?


so we all

must lend

a helping hand

quinta-feira, 19 de junho de 2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

Voil

Todos os tons de marrom que foram escorrendo pelas suas pernas, torneadas a óleo, impregnadas dos viscos do meu olhar.
Risco de gilette.
Ao fundo, o filme de Almodóvar – rojo, rojo...
Saltos. Pés magros de mulher.
O batom vermelho enfraquecido. (Jagger?)
Meu copo d´água de vodka. Eu detrás da cortina. Minha respiração sente o cheiro do voil.
A tv de abajur.
Minha pasta entreaberta. Minha preocupação com os papéis com os quais eu me preocupava fades away.
She´s swinging. Her hips.
Oh, god. This is only a fucking motel room.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Minhas moleton


O moletom, podem perceber, é um item em extinção. Chamo de item, porque significa mais do que um tecido, mais do que uma única peça de roupa, que pode ser calça ou blusa. Nos anos 80, o moletom era roupa de passear, mesmo quando não estivesse lá muito frio. Eles vinham novos com um cheiro bom, e quando os flanelados foram lançados no mercado, aquilo era tão especial, espetacular, que, muitas vezes, eu vestia sem camiseta por baixo só pra sentir o toque macio debaixo da blusa, protegendo as costelas ainda sem o que significasse ter seios propriamente.
Nos anos 90, o moletom era a peça mais versátil, mais dia-a-dia, mais cadernos-espirais-contra-os-seios, mais calça-jeans-clarinha, mais deixa-eu-deitar-no-seu-colo-na-hora-do-recreio, era a blusa, era a calça, muitos eram azuis-marinhos, outros cinza, outros, um pouco menos ordinários, eram verde, musgo ou escuro, ou eram vinhos, havia também os rosas (esse é um outro departamento, mas, tudo bem). Para se estudar, para se ter entre 14 e 18 anos, para se aquecer e esconder as mãos geladas de manhã, para buscar o irmão na rodoviária à noite, para ficar doente em casa, para estudar pro vestibular, para tudo isso era necessário o moletom.
E há quem ache as calças de moletom um tanto contra a boa compostura, quase um insulto ao olhar clean da moça étnica moderna bem vestida de cabelos da surfista ocasional na Califórnia, mas elas traziam certos benefícios. Apesar de formar uma lomba no joelho, elas deixavam as moças com as nádegas aparente, mas, discretas, à vontade, como quem não quer nada, e, nos rapazes, sinceramente, era o que eu mais observava, elas firmavam um bom acordo com os seus pingolinhos, os bigulutes, as saliências à frente, pênis, mesmo, pênis adolescente, do menino que ia com todo o conjunto de moletom, pintinho na frente, camiseta, chinela havaiana, meio cruzando os braços de pouco frio, comprar coca-cola na padaria, pro lanche do fim da tarde no cair da temperatura em Uberlândia, e te cumprimentava, no balcão, e ia embora, virando as costas, mostrando uma imaginação de nádegas.