terça-feira, 20 de abril de 2010

Eu sou essa pessoa que é sua, nenhuma outra.
Nada é fácil nessas janelas que se batem com o vento. Uma vontade de estrelas para mim, naquela monotonia de Adriana Calcanhoto, pé suando adolescente no carpete. Coloco um texto, um trecho da Marina Lima. Ta parecendo que tem gente que achou que era meu. Mas tudo casa assim mesmo. Se apoderam das coisas, nos apoderamos quando aquilo tem tudo a ver e essa era a intenção de falar aquelas palavras por outra boca.
Guardar. Guardar.
Caio morreu. Sozinho e magro no Menino Deus. Vi os azuis daquilo tudo. Vi uma casa de tábuas corridas no chão. Vi suas roseiras. A Praça de Chiga ali pertinho. No fim, sobra uma Porto Alegre, poética e cinzenta. Ou verde por debaixo da névoa no topo dos prédios. Querendo ser, querendo fazer. Uma ovelha negra que se acabou mais pra filho pródigo e sempre é tempo de perdão e semear. Sempre é tempo de calma e acalanto.
Paula Dip, pra ser bem sincera, me decepcionou. O seu Deep ficou só pros seus amores fáceis de pênis e vontade de ser moderninha, mas que acaba indo atrás do marido que, militar, ou gerente do Banco do Brasil, fica de lá pra cá. E seu amigo morrendo aos ossos e peles num banheiro rosa-bebê. Não é justo. Comigo, Caio seria meu próprio amor. E é nisso que vejo o quanto pessoas que não estão só casadas ou cuidando das próprias crias estão cuidando dos outros, sendo dos outros, despendendo tempo aos amigos e pertencendo a todos.
Caio repousa como uma pluma, tão leve quanto seu corpo esguio. Sua voz me é tão familiar que o vejo explodir ao alto em uma gargalhada a esmerilhar um gogó no meio do pescoço.
Raio de sol na pedra rosada.

Um comentário:

kassiaindia disse...

Não li, mas o amo, pois só o amor incondicional sobrevive. Sem segundas intenções, sem enteresses capitalistas. Sobrevivente de raios e trovoadas. Nevadas sem sol, nem calor e as crias bem criadas que eu criei são integras, como a selva, o rios e a terra. Obrigada a DEUS por eu conseguir isso no mundo podre de hoje.