segunda-feira, 16 de junho de 2008

Minhas moleton


O moletom, podem perceber, é um item em extinção. Chamo de item, porque significa mais do que um tecido, mais do que uma única peça de roupa, que pode ser calça ou blusa. Nos anos 80, o moletom era roupa de passear, mesmo quando não estivesse lá muito frio. Eles vinham novos com um cheiro bom, e quando os flanelados foram lançados no mercado, aquilo era tão especial, espetacular, que, muitas vezes, eu vestia sem camiseta por baixo só pra sentir o toque macio debaixo da blusa, protegendo as costelas ainda sem o que significasse ter seios propriamente.
Nos anos 90, o moletom era a peça mais versátil, mais dia-a-dia, mais cadernos-espirais-contra-os-seios, mais calça-jeans-clarinha, mais deixa-eu-deitar-no-seu-colo-na-hora-do-recreio, era a blusa, era a calça, muitos eram azuis-marinhos, outros cinza, outros, um pouco menos ordinários, eram verde, musgo ou escuro, ou eram vinhos, havia também os rosas (esse é um outro departamento, mas, tudo bem). Para se estudar, para se ter entre 14 e 18 anos, para se aquecer e esconder as mãos geladas de manhã, para buscar o irmão na rodoviária à noite, para ficar doente em casa, para estudar pro vestibular, para tudo isso era necessário o moletom.
E há quem ache as calças de moletom um tanto contra a boa compostura, quase um insulto ao olhar clean da moça étnica moderna bem vestida de cabelos da surfista ocasional na Califórnia, mas elas traziam certos benefícios. Apesar de formar uma lomba no joelho, elas deixavam as moças com as nádegas aparente, mas, discretas, à vontade, como quem não quer nada, e, nos rapazes, sinceramente, era o que eu mais observava, elas firmavam um bom acordo com os seus pingolinhos, os bigulutes, as saliências à frente, pênis, mesmo, pênis adolescente, do menino que ia com todo o conjunto de moletom, pintinho na frente, camiseta, chinela havaiana, meio cruzando os braços de pouco frio, comprar coca-cola na padaria, pro lanche do fim da tarde no cair da temperatura em Uberlândia, e te cumprimentava, no balcão, e ia embora, virando as costas, mostrando uma imaginação de nádegas.

2 comentários:

Eu hemorragia disse...

O meu era cor de rosa, a blusa, bem ha controvérsias, um salmao talvez... horrivel, e uma borrachinha de cabelo amarelo limao, horrorosa, a calça era azul marinho... lembro direitinho disso, foi assim que apanhei a antipatia da Luana, lembra?
"ai ela tem cara de metida e veste mal" huaihauiiahha

beijao

Lucas disse...

É, moleton hoje é peça de fetiche. Ainda bem!