terça-feira, 28 de outubro de 2008

fevereiro 2008

Neste fim de semana alguém morreu. Cinco pessoas. Talvez mais. Três cachorros e mais três que enterramos. Plantas. Bichos. Calangos. Periquitos. Goiabeiras, pomar. Caixa de correio vazia. Sem cheiro, sem resposta. Grama. Um balanço de balançar. Tudo devagar e tudo de rompante, um golpe só, de ceifa. Mofo, barata. Roupas velhas. Sons de vento. Buraco de janela e céu de estrela ou de nada.
Não tenho torre, não tenho farol. Não queria escrever, não queria imaginar. Quero me retirar da lembrança dos outros, não quero ser lembrança.
De dia, no corredor. De noite, a fingir e procurar outras mãos. De vela, de sopro, de ossos que saltam pontiagudos a me espetar a carne. Mensagem sem ilustração. Tubos, fios, soro, transparência de recipientes constrangedores. Sem TV, sem meus discos. Sem trajetória. Só meus trejeitos a não enganar ninguém. Só esta voz que falha. Só o ácido. De viagem minha que vou e que fico. Areia a me entupir vísceras, veias e a respiração. Colo? Braços? Meus pés diminuindo no chão. Coração de Leonilson. Guache, pastel, carvão. Tomo banho e não encontro meu corpo. Sin. Sinner. Escuridão.

Um comentário:

Adriele Maia disse...

aahh 2008...
que passa, mas não passa...