quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Eram caixas, cubos. Brancos. Ninguém sabia que eram. Formavam um painel que, de repente, se desmontou e, de lá de dentro, saíram dois bailarinos e começaram uma coreografia meio robótica, com pouco gingado dentro do colant.
No começo, a caixa de papelão na cabeça do Chris prenunciava algo. Caixas também, depois, numa música lenta, quase de embalar, na cabeça das duas bailarinas, de vestido vermelho que, de tempo em tempo, rodopiando em volta do vocalista, interagiam com ele lhe dando a mão. Só ao final, descobriríamos que as duas eram loiras, com cabelo bem curtinho, à la Cinthia Rhodes, em Flashdance. Também tinha um bailarino e uma bailarina, esses, negros que, na música Jealousy, brigavam e dançavam e jogavam as caixas um no outro – ódio, raiva, amor, dificuldade: vermelho.Os bichas se abraçavam e gritavam e sabiam cantar tudo quase - um beijo enternecido, num momento, eu de testemunha – e o pessoal mais velho, certamente já na casa dos 40, se sentiu mais in, nada de fora, nem estranho, ali, naquele lugar, o tempo era o mesmo. Ao final, lá permaneceram, porque também tocaram, já pelo DJ, Depeche Mode, New Order e tudo aquilo era mesmo uma festa, para os mais velhos, para os bichas, para os doidos (um jurando que era Michael Jackson...) e para mais quem.
Being boring foi a penúltima música, gosto de que já estava acabando. E a música, uma alegoria à lembrança, à vontade de eternizar tudo de lindo, de amizade, de festas sinceras já era mesmo uma metalinguagem daquele momento. As costas e as pernas de recém-29 anos já ressentiam a vontade e a atitude de pular, pular muito e alto pra sentir tudo aquilo. E uma querência tão grande de fazer tudo ecoar por todas as quadras e árvores de Brasília.
Nunca se entediar. Que nada nunca fique chato. E assim será, enquanto ainda existirem amigos e Pet Shop Boys.

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