quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Selva Selva

Poderia imaginar que a imagem de fora da janela é de uma Porto Alegre com os bares cheios da Redenção aproveitando o bafo quente do verão. Mas, não. A decadência aqui é outra. Não é boêmia.
Existe um perigo aqui, um medo, um aviso de que a Selva pode te engolir. Uma novidade densa pro meu olhar de cima do avião. Não há qualquer espaço, qualquer clareira. Tudo exige desbravar. E era pra desbravar?
Parece que o olho de espreita é grosso, como que dizendo, cuidado, que um dia eu vou revidar. E os homens ficam se exercitando numa bravura que só se coloca num machismo de um animal que deve cuidar de suas fêmeas na jaula.
É verdade que há um coreto numa praça, um azul-céu nos muros de um prédio antigo, barulho de crianças dentro de um colégio. Mas não sei se vale a pena. Aliás, não vale. Essa mania de se ocuparem todos os lugares, pode ser às margens do rio Hudson ou Solimões. Pra quê? Uma água insistente em descendência que se escorre pra toda parte, toda fresta por mais que inóspita, minúscula. E a desculpa é a adaptação.
Certo é o koala, que só faz comer as folhinhas de bambu do seu restrito habitat, o que lhe custa somente um tártaro nos dentes e uma pequena inflamação nas gengivas.

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