segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Por que fazer o pouco se podemos fazer muito?

Por que ser pouco, ou menos, se podemos muito?


Algum dia, você, de dentro de um carro quente e confortável, esperando não sei quem ou não sei o quê, vê, do lado de fora da chuva, alguém caminhando sozinho, de noite, de frente, mas sem perceber, ou sem irritar menos o que está de fora, do que está de dentro.
Todos correm. Todos são. Menos ele. E Chopin naquela rádio que você quase nunca escuta, mas que, absorta em pensamentos, esqueceu de mudar, faz com que a música seja tocada pra ele, pra essa situação que se coloca diante dos seus olhos, de vidros embaçados, te colocando a par das sensações e coisas que você imagina.
Chuva e cansaço. Antes, poderia ser a fome a imaginar uma sopa com o que restaria em casa dentro da geladeira, ou a demora em si que incomodava, talvez um pouco de medo, descoforto por estar menstruada e ainda fora de casa. Não era tarde, mas o inverno e as nuvens negras fizeram hoje com que o dia mal existisse. “Nem parece o Rio de Janeiro...”
Agora, que sopa ou banho faria aquecer um coração diante de um passante que chora? O estranho que acende uma dor, uma promessa, um jeito de provocar uma pergunta: “estou sendo sincera comigo?”.
E o momento passa como tantos anônimos dentro da cidade grande. Mas a volta pra casa, hoje, foi mais silenciosa, coqueiros se revirando à beira mar para dizer algo. Ser e sentir. Custa tanto e não custa nada.

2 comentários:

Advogada Sonia Lima Naves (34)99176-1347 disse...

A cidade grande oculta os seus anônimos e nós nos escondemos deles!!

Beijos

kassiaindia disse...

Cidade grande como seus olhos....e sua escrita...................