segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Era de noite, num domingo. Garoava de leve, mas os bicos dos sapatos já estavam molhados há um tempo. Não era tão tarde mas a cor do céu vermelha afastava os pedestres e queimara parte do letreiro de neon da Gina Ballet.

Eu descia a Floriano, pensando em comer um cachorro-quente apressado na praça, mas, nenhum movimento. Passei a sonhar com o resto de sopa na panela de pressão. A Yamaha passou tão barulhenta, tão desproporcional às suas poucas cilindradas, que perdi a conta dos passos.
Um tubo de vento vindo da Santos Dumont me alcança e parece já engrossar a chuva quando me arrependo de não ter pegado o ônibus antes ou de ter dado essa interpretação romântica e patética ao andar pela chuva.
Na rodoviária, o aceno. Dali, podia mesmo ter ido embora. Mas perambular pra sentir o ardor do coração pelo lado de fora pareceu mais justo com aquela estória. (Justo? Estória?)
Em casa, as cortinas, a samambaia, o chão de vermelhão riscado. Banheiro molhado de banho recente, cabelos no sabonete, o lanche esquecido na geladeira. Quando tudo isso acabar de ser vestígio, virar só memória... (Só?)

4 comentários:

kassiaindia disse...

Santos Tabajaras...

Lucas disse...

Memória é muito mais que memória.

Lucas disse...

E distância é ilusão...
Me sinto próximo à Kássia sabendo que lemos e comentamos ao mesmo tempo.
Saudades...

Maíra Selva disse...

isso tudo é muito louco... pois ela me ligou pra dizer isso... fios e tramas everywhere...