sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Se alguém achar que isso aqui é cópia da Clarice Lispector, pode achar. É que ela imprime mesmo, e, quando você vê, já está dizendo coisas pela boca dela.
É que havia essas pessoas. Pessoas que tinham prazer em ter prazer, e sabiam que o tinham. Pessoas que destilavam, depuravam o que fosse mais puro, agudo em sentir prazer nas pequenas-grandes coisas, nos alimentos, açúcar de sucrilho de lamber no final, música de gritar no carro e de ficar de mão dada. Provocavam em si e mutuamente prazer. E elas eram o próprio prazer de provocar. E degustavam e piscavam miudinho olhando pra cima quando ricota, catupiry, goiabada fossem o objeto, como tantos outros, de agradar. E eram o doce uma da outra, travesseiro, pelúcia, caixa de 36 cores, notadamente, o objeto-sujeito uma da outra, e as imagens brilhavam mais no escuro, a noite era mais longa, tudo tinha um tom a mais, tudo era mais afiado e cintilava mais pelo hálito alcoólico de esmerilar pensamentos boiando sobre suas cabeças, pensamentos-sensações que saíam pra fora como um sopro, e essa roda toda era o próprio esmerilar.
(...)
Algumas felicidades são felizes.

Um comentário:

Rose Dayanne disse...

sim sim..., muitas vezes falamos pela boca dela...