terça-feira, 30 de junho de 2009

- Sabe o que acontece comigo?
- O que acontece com você? (um pouco sorrindo ela, já esperando um tipo de fala minha)
- Eu vejo através de seus olhos.
Isso foi minutos depois de termos falado sobre a cor dos nossos, os meus, mais escuros.
Ela quis rir olhando pra cima, como se aquilo fosse uma coisa ridícula. Assim como faria nas várias vezes em que não sabia/saberia dizer em respostas a algum comentário, ou pelo fato (e quase sempre) de ter sido um elogio, uma fala de mel e enaltecimento, ou quando era mesmo algo ridículo, como tudo que eu já podia ter falado. Mas não.
Ela se conteve nesse ritmo, nessa seqüência óbvia. Se conteve antes do primeiro passo de fazer a cara que prenunciava a reação.
Me fitava, nem ria, nem estava séria. Era como se acreditasse, achando bonito.
Ela já estava segurando minha mão. Segurava agora mais forte, ou tanto quanto antes, e, só agora, eu percebia. O suor apertado de uma contra a outra.
Lembrei a cara que ela fez várias vezes quando nos reencontramos. Era de olhar profundo, apertando um canto da boca, como num leve ponto de costura, suspirando por dentro quando montava um sorriso e se transparecia pra mim, e se fazia um espelho, já que, parecia que eu, talvez, estivesse com a mesma cara, ou mesma sensação. Eu não soube, não quis mentir. Deixei (deixamos) me levar pelo que era de fora, pelo que sempre comandou, pelo que nos trouxera até aqui.

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