quinta-feira, 25 de março de 2010

Cry wolf. Uivando como no topo de uma pedra, em paz com os monstros de dentro e de fora.
Numa mesma cúpula, abóboda (acho que não chega a ser), eu me refletia de emoções como há dias atrás.
Meu medo me fez suar as mãos por dias, perder o sono, ter medo... Esperei até o último minuto, esperando que um milagre acontecesse. Mas o milagre estava lá.
Da dor, do medo, do abismo vertiginoso nasceu uma coisa límpida, mais clara, por ser a coisa mesmo clara.
As imagens, atrás, de natureza, mar, baleias, azul, verde, tudo traduzia uma energia de verdade, uma coisa suave. E aquilo, pesado antes, se deixou amolecer e virar só uma quase paz em mim.
Doía, é verdade, mas menos do que eu previa.
Inevitável olhar na platéia, procurar um rosto conhecido e inevitável torcer, também, para não encontrar.
Sabia que, se você estivesse lá, ia perceber, como eu e como pouquíssimas pessoas, que ele errou a letra de The blood that moves the body. E também, que seguraria minha mão forte em Hunting high and low, quando eu chorei.
E aquelas sensações de sozinha na multidão que tanto tenho experimentado. Mas, dessa vez, não bastava qualquer mão forte querendo me proteger na escada – clássico. Porque ela também não estava lá. Perfumes que passavam no ar, coros, pessoas chegando atrasadas. Ninguém estava.
Olhar pro teto era como imaginar tudo aquilo que já estava ali bem em frente, em cima do palco.
Você teria visto aquela calça branca linda que ele usou? E sua voz, quando ele falava, teria ouvido, do mesmo jeito que eu ouvi?
Mas o que acalmou também não foi suficiente. Parece que não foi intenso como poderia ser (claro). E não havia ninguém ali pra pular ou gritar até o fim da voz... Só eu. Sozinha na multidão.

“Do you know what it means to love you?”

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