quarta-feira, 6 de maio de 2009

Você deixou cair a touca no chão. Eu não percebi na hora. Demorou alguns segundos. Corri e peguei. Seus traços me pareceram familiar em meio a tantos olhos puxados. Tanta gente trançando na Grand Central Station. Tinha chovido. O que, ao invés de piorar, deu uma ligeira aliviada no frio. Mesmo assim, minhas bochechas rosadas ficaram mais coradas pela corrida. E te alcancei perto já da porta do trem. “You´ve just dropped this”. “Oh, my God, thank you... thanks”. Uma ligeira escorregada no accent. “Sorry, are you leaving now?”. “No, no… just checking out the trains…”. “Ok, that´s it… hum…, ok, bye…”. “Wait, let me just buy you a cup of coffee, the least I can do…”. “Ok, ok, but I don´t mean to bother you…, sorry, but where are you from, you´re not…”. “Brazili…”. “Sabia!”. “Você também?!”.
We ended up on 5th Avenue drinking a couple of beers – coffee?, just an excuse. Perguntei o que fazia ali: “NYU…”. Hum…, fair enough… A conversa transitou suave como um floco que cai e foi de últimas fofocas das novelas até gosto de rapadura e pipoca doce cor-de-rosa, passando pelas famílias, teorias sociais, humanitarian laws, frio, coincidências, horas, horas adentro, quentinhas dentro do Dinner...
Amanhã eu visitaria o Central Park, alone, como a condição permite. O riso naquela noite me apontava para um outro lado. Admirava seu sorriso por detrás do copo. E me via já por entre as árvores do parque, e você, de vez em quando, reclamando dos cavalos e de suas conseqüências, e lamentando que, no outono, é muito mais bonito. Minha viagem se lançava de um modo, que quase perdi o fio da sua conversa tão gostosa, se escapulindo por entre seus dentes, se empolgando em se reconhecer em mim.
Amanhã, Central Park... “Deal!”.