segunda-feira, 28 de julho de 2008

primeiro acesso

O primeiro acesso, a primeira dor. Dentro da água. Você já imaginou o que é sofrer ao som de Roupa Nova? O vizinho ouvindo Roupa Nova e você chorando. Tende piedade...
Naquele dia, de unhas que rasgaram a perna, naquele dia, em que deitei na margem, embriagada de olhar as nuvens, ver o precipício, me precipitar, estava tudo lá, estava tudo lá, resumo, metáfora de tudo, tudo, meu Deus, tudo...
Eu não sou melancólica, eu não sou A pessoa melancólica, mas te esperar e cheirar sua jaqueta escondida me faz pensar o quanto me faço Edith Piaf, o quanto me debruço exagerada sobre as coisas que planto e não colho, o quanto ser mulher, pra mim, é muito mais do que abrir as pernas, é muito mais do que deixar qualquer homem me ter, o quanto ainda não vou crescer nem um pouco. E há pouco eu dizia: não tenho destinatários... tudo fica tão perdido no caminho, tudo escapole por qualquer veia, qualquer viela, onde ninguém se esconde comigo, ninguém se protege comigo da chuva – momento romantiquinho.
Me fala logo o que eu quero ouvir, o que estou esperando. Um momento de falar da Daniela Mercury se torna eterno pra mim, uma vez que você balbucia qualquer coisa de noite se torna pra sempre em mim. E aí? E aí? Eu não sei do que você tem medo, não sei o que há no meio de nós, te embrulho, te envolvo e você pede desculpas nas entrelinhas, te espero, vejo o tráfego, vejo as novidades em você e tenho vertigens e o balcão não é o cenário, a cozinha não é o cenário, nem o quarto onde fico sozinha no frio.

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