quarta-feira, 1 de abril de 2009

Parecia filme. Filme, não. Livro – com cinematografias só na nossa cabeça. Eu tava no meio de um livro do Marcelo Rubens Paiva e não tava sabendo. Estorvo também poderia ser.
A mata, à direita, à esquerda, densa, engolia de canto de olho, sensual. Morros de contornos escondendo o todo. Eu, de admiração, soltava suspiros como desculpa para sorver todo aquele ar. E pequenas e puntuais florzinhas de um alaranjado fosco e rosa discreto. Me arredondei de todo o verde, deixei ser torneada de mato. Chuva, névoa, cobertura de morro. Chuva de verdade, sem exagero, sem espanto, mas, inteira.

No fórum, de repente, pessoas e mais pessoas, advogados se trombando, se beijando de rostinho, pessoas uniformizadas, mais pessoas uniformizadas. Manifestação do lado de fora. Só faltava a imprensa. E eu no meio de tudo. Anotando. Sendo alvo fácil de olhares dos velhos com ternos sem combinar. Mais pessoas uniformizadas. Parece que Minas Gerais inteira resolveu caber no saguão do foro, de repente. Senti uma nota de corredores que eu já conhecia.
O sol veio por instantes só pra agredir os olhos de quem visse a camiseta alaranjado-gás do aglomerado de gente do outro lado da rua.

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