domingo, 26 de abril de 2009

j m barie

Quanto custa ao artista sua obra?
Quanto lhe custa?
Hoje pensei, como penso sempre, construindo esse pensamento em mim, que há sempre uma dor no artista. Sempre uma dor. Mesmo quando pareça um resultado feliz o que faça.
Looks like someone has to pay… Alguém gasta sua provável sanidade em prol de nos fornecer – mesmo que de maneira mediata - arte, ou, na interpretação de alguns simplistas, entretenimento.
Enquanto o vinho branco desce macio ou não nas goelas secas da galeria, há alguém de espreita. Mesmo que com luzes e louros, no fim, ao tirar as meias antes de deitar, ele sabe o que lhe custa e que nem tudo são os elogios, o valor, o merecimento. Não lhe cobre a agudeza de estar a todo tempo a mercê de ser o que é, de reflorestar sentimentos doídos e, pior, escancará-los da maneira mais crua e esquizofrênica, sem as lacas do bom comportamento. Mostram seu sexo, seu medo, seu escuro.
Já viu o Basquiat? Beuyes? Pollock? Actually, Fernando Pessoa, escrevendo suas barcas em inglês na África, se entregando à insônia de pensamentos mais doídos do que a morte de uma criança? Leonilson?
Olha lá, presta atenção lá, por entre o feixe dos respingos de tinta, entre uma coisa e outra, veja se não emerge a dignidade de se falar o que se fala, põe a cara no lugar, ajeita a sobrancelha e reconhece a coragem de se ser uma pessoa abaixo do cutâneo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quanto custa ter dor e não saber fazer diferente.O artista é.... isso. Um farol que ilumina os outros.........somente........