domingo, 23 de agosto de 2009

Ela me mandou um postal dizendo assim: você já pode vir.
Meses que não conversávamos. A última imagem veio em cores de cabelo, cabeça virando pra trás, um leve sorriso sem graça e o resto foi um gosto de saliva ruim, espessa que trazia pra dentro da boca umas lágrimas embaçadas.
Minha idéia era ir pelo menos até Portugal, me despedir, depois voltar. Nem isso aconteceu.
Fui embora naquele dia nem sei como. Difícil chegar num lugar que nem era minha casa. No sabonete, memórias recentes de bolhas. Piso ainda molhado um pouco. Olhei todas as paredes e a pouca coisa que havia pra olhar.
Junto do postal havia uma foto. Era ela no trem. Não sei quem poderia ter tirado. Olhei mil vezes a foto e o postal. Decorei uns três figurantes servindo de paisagem atrás.
Não saberia o que esperar e nem o que realmente quis significar. Mas tudo foi suficiente pra subir um calor que conhecia de antes, de quando os cheiros preferidos me faziam arrepiar suave. Já me vi em direção a uma estação de trem. O que eu inventava se misturava na própria imagem dela na fotografia, até as mesmas cores de roupa.
Não soube hesitar, como nunca realmente fiz.
Haveria pouca coisa pra levar. Arrumei. Me arrumei e fui, fechando os olhos no balanço do trem, me fazendo suficiente a calma e a euforia que a antecipação de um abraço trazia para minhas relembranças.
Always yours.

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