quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Era dia do casamento do meu tio. Capricho no condicionador. Lavanda da Mônica no pescoço. Tinha um nervosismo em mim. Sabe quando a gente fica nervosa por outra pessoa? A mão suando com o anelzinho no dedo do meio.
Mas aí, a sensação de começo de festa, com todos chegando, de roupa melhor que tinha. Tios, tios-avós, primos, vizinhos daquela rua. INXS tocando. Saias rodadas. As primas querendo ser pré-adolescentes.
Aquilo tudo era um momento de felicidade que parecia compensar uma falta de entendimento de que, ali, uma coisa estava mudando, e, pra sempre. A gente não entendia por que as pessoas choravam nos casamentos, mas a gente tinha um coraçãozinho batendo diferente por debaixo do conjuntinho vermelho. Um nó na garganta que naquela época não tinha nome. Tudo era misturado com o tédio de esperar o sermão acabar e de chegar a hora da festa e não sabíamos o que sentíamos.
Agora, as lembranças se misturam às imagens da câmera de vídeo. Parece que aquele foi o último dia de festa. Depois, doce de pêssego em calda nunca mais foi recompensa. Qualquer tarde de suar o pé passou a ser diferente. E nesses nós, repousa uma ignorância de não enxergar o que há pela frente. E eu não sei a dor que ia custar saber.

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