quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quero cantar. Cantar e pular e recitar e decorar poemas e músicas que ninguém lembra. Quero ficar descalça. Quero abrir a porta. Quero ventilar em mim. Quero soprar. Quero brincar de sombra, de ligar e desligar o botão da televisão. Quero sentir cheiro de doce de queijo. Quero me esfolar no forro do sofá. Incomodar o irmão com o pé. Vir correndo e pular na piscina. Deitar com pouca roupa debaixo da colcha de matelassê. Tomar iogurte escondida. Quero passar Neutrox. Quero chamar o vizinho pelo muro. Quero pular num ombro. Quero ver verde e correr na colina. Quero comer pudim. Quero ir ao cinema. Quero estar de férias. Quero recortar papéis e colar e colorir e sentir cheiro de tinta guache dissolvida. Quero ver o céu. Quero ficar na chuva. Quero beber água no mato, na fonte. Quero ver as frutas. Quero tocar os veludos. Quero um colo, um cheiro, mãos pela madrugada e restos de gelatina pra comer direto na vasilha. Quero ralar o dedo, raspar a terra. Quero correr. Correr, correr, na velocidade do meu coração, da minha vontade. Correr, correr, correr. Quero suar minha mão em outra. Quero caminhar as ruas. Quero tomar sorvete. Quero beber cerveja. Quero ver o dia. Quero suco de uva. Quero roupa nova com cheiro de silk. Quero bola. Quero mãe e pai e peixes silenciosos. Quero jaca. Quero fogo e barulho. Quero sereno na barraca. Quero córrego. Quero palavras. Quero resposta. Quero ver a rua. Quero ver a vida. Quero subir na árvore. Cachorro quente. Quero gente, quero eu de antes e depois tudo misturado. Quero a mim e a todos. Quero os caninos de volta à casa. Quero minha família. Quero minha infância. Quero meus amigos. Quero guarda-roupas, talcos, cheiros, roupas. Quero. Bruta flor.

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