quinta-feira, 17 de novembro de 2011

era para ver se tinha chegado um e-mail que eu mesma tinha me mandado. mas alguém deixou a página aberta nuns e-mails antigos, 2007... acabei bisbilhotando, até que vieram 10, 20, 30 e-mails sobre uma coisa só. dói. doeu.
queria tanto saber quando é que aconteceu, quando é que eu tive que parar de dizer que sentia saudade, que amava, dar boa noite, bons sonhos, dizer que queria ouvir sua voz. queria saber quando é que foi proibido.
havia tanto nós, e somente. mesmo quando não sabíamos. estávamos no meio do deserto. e hoje tudo isso me fez lembrar tanta coisa. há quanto tempo...
dói não só de lembrar, mas de não mais ter. sonhos que ficaram tão escondidos num armário. sonhos que tento inventar outros, que tento inventar pra mim mesma. vão ficando réstias cotidianas... uma melhoria no trabalho, um estudo, um imóvel, cores em uma parede... vou fingindo que tenho outros sonhos que não os que sonhei, que não os que sonhamos. no dia depois de outro dia vou alimentando uma coisa de evitar, de achar brechas, de poder, simplesmente, estar com as pessoas outras da minha vida - me aconchego em irmãos, pintamos um quadro de família, acrescentamos cachorros. mas, mesmo parecendo tudo suficiente, falta algo, falta alguém - único que poderia ser sem ser, pertencer sem ter que pertencer, alguém que não seria nunca sobra, por parecer sempre ter sido parte de mim, do que é meu.
a casa era fría, ampla, perdia-se de vista, mas havia pessoas. havia as pessoas e tudo se esquentava como que na beira da lareira. e do meu frio nascia mais coisa. do frio que sobrou sem as pessoas restava ainda um acalanto, restava ainda o ânimo que me confortava, ombro que me viu chorar como nenhum outro, mão que se suava junto da minha por não abandoná-la.
e hoje... hoje... nem se fosse uma desculpa pra existir. nenhuma dor de outro lado há para que a mão volte a me segurar. hoje, a única dor que existe é a dor em si, a dor de saber qual é a dor que existe.
estou alvejando todo o céu com esses dizeres de madrugada querendo, pensando na cama fria da espera, braços que estão sempre querendo mais um cobertor.
amanhã é sexta-feira. será mais uma sexta-feira?
madrugada... toma-me pelo inevitável....
"boa noite..."

Nenhum comentário: