Eu sabia que isto ia acontecer: a moda 80 voltou. Aliás, moda é um assunto que me atrai, apesar do meu visual não ser tão antenado, mas acho legal como as tendências refletem, ou tentam refletir, um período, uma mudança no jeito de ser etc., etc. Acontece que, nos anos 80, a mulher já estava inserida no mercado de trabalho, a luta pela liberalização do sexo, anticoncepcional, o escambau, já tinha passado, a mulher tinha conquistado uma certa segurança diante do seu posicionamento, isso quer dizer que não precisava ficar vestida de mocinha o tempo todo ou de hiponga, porra-louca. Assim, o importante era ter conforto, então as roupas largas, malhas, moletons entraram com tudo, as silhuetas nem sempre se sobressaíam, então, a sensualidade vinha através de outros apelos: ombros de fora, os bicos dos seios marcando a camiseta surrada...
Nessa mesma onda, reinaram os looks masculinos, maravilhosos, com batons bem vermelhos e unhas da mesma cor, pontiagudas de mulher perigosa, para quebrar um pouco do preto e do branco, que predominavam. Acho isso bem legal, porque refletia essa segurança na sexualidade feminina, que não precisava parecer obviamente mulherzinha-barbie-cor-de-rosa. Era legal provocar, ser agressiva, poder ter o controle, a mulher não precisava ficar pronta pra ser seduzida sempre, ela podia também seduzir. Sei que tá parecendo texto de revista Claudia, mas gosto de ficar observando essas coisas.
Sempre interpreto os anos 70 como uma busca pela Arcádia, acho que são muito bem definidos por aquela música: "eu quero uma casa no campo..." Já nos anos 80, tudo era muito urbano. Era super in morar num loft, numa metrópole, andar de Caloi 10, praticar esportes, ou, sei lá, ser yuppie, trabalhar engravatado e ir a vernissages à noite, com camisas abotoadas até o último botão. Ninguém ia a academias nos anos 70. Nos anos 80, nem todo mundo ia a academias para fazer musculação (que era praticamente sinônimo de alterofilismo), mas as pessoas faziam ginástica (nem sei bem o que podia ser isso), jazz (na onda Flash Dance)... As roupas passaram a ter um viés esportivo muito forte, como os moletons (que já mencionei) cinzas super básicos, e também as cores fortes, inclusive para os homens, e materiais mais modernos e com tecnologia, como a lycra e o nylon, além de faixas na cabeça e punhos de jogar tênis.É ou não é?






Ai. Isso não é maldade. De fato, meu gosto musical é todo envolvido de uma trilha considerada gay: Pet shop boys, Erasure, Depeche mode, Annie Lennox, Madonna, Duran Duran e tantos outros, que me fazem querer saltitar e rebolar (por favor, machões, se esses citados lhes aprouverem, não se acanhem, todo mundo tem que se soltar um pouco...).
Eu adoro toda essa influência em minha vida. Sonho em descer uma escadaria, com vestido longo, representando Letal ("tu espirito, tu estilo..."), cantando: "recordarás nuestros dias felices, recordarás el sabor de mis besos...". Ou, quem sabe, dublar a Barbra Streisand... Ou mesmo decorar as falas do Agrado: "porque soy mui autentica!"






























